Editorial

Estado de calamidade

As consequências da corrupção e da má administração no Rio de Janeiro


Publicado em 29 de agosto de 2020 | 03:00
 
 
 
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A corrupção e a má administração têm potencial de estrago comparado ao de uma bomba atômica. O Rio de Janeiro é exemplo clássico do efeito desses dois elementos na gestão pública. O Estado teve cinco ex-governadores presos por envolvimento em corrupção recentemente. Nos últimos dois dias, o Rio ocupou o noticiário por causa da suspeita de desvio de verba envolvendo autoridades e da violência urbana – uma relação direta de causa e efeito. 

Além da crise na segurança pública, o Rio dá sinais de falência em saneamento básico, saúde e educação frequentemente. O caos se aprofundou nos últimos anos e, desde 2016, o Rio está em Estado de calamidade financeira. Não é mera coincidência que isso ocorra no mesmo Estado que tem dezenas de parlamentares investigados por práticas como a “rachadinha” e denúncias de funcionários-fantasma. 

Enquanto os agentes públicos gastam tempo e energia com atividades para as quais não foram eleitos, as estruturas mais profundas da sociedade derretem. Até que tragédias culturais como o incêndio no Museu Nacional acontecem como a ponta do iceberg de uma decomposição moral profunda.

Quem sofre a cada capítulo desse enredo são a população, que tem características culturais riquíssimas, e as belezas naturais, que ficam ofuscadas pelo modo de agir de parte das autoridades públicas.

A lente de aumento nos próximos dias estará voltada para o território fluminense, mas esse histórico é quase o mesmo ao redor do Brasil nos níveis municipal, estadual e nacional. 
Que isso sirva pelo menos como uma forma didática de lembrar os cidadãos, em ano eleitoral, da importância do voto consciente e da fiscalização dos políticos eleitos. 

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