A chegada de uma nova parcela do auxílio emergencial é um alívio para a vida de trabalhadores autônomos e informais e de famílias desassistidas por outros benefícios sociais. Nos dados oficiais, 50 milhões de brasileiros podem sacar os R$ 600, mas, com a defasagem nos cadastros e o avanço da crise, o número potencial de pessoas potencialmente habilitadas pode chegar a 70 milhões em todo o país.
Trata-se de uma massa de cidadãos dominada pela incerteza de quando poderão gerar seu próprio sustento. E o cenário que se desenha não é animador. O “Boletim Focus”, do Banco Central, divulgado na manhã de ontem, indica que a expectativa é que o Produto Interno Bruto despenque 5,12% neste ano. E o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea) estima que a renda da população mais pobre vá encolher até 30% nos próximos 12 meses.
Diante desse cenário nebuloso, o tradicional descontrole das famílias com o orçamento doméstico é um risco inaceitável. O valor do auxílio emergencial, isoladamente, não enche os olhos. Mas, ao longo de 12 meses, ele pode somar uma injeção de até R$ 600 bilhões na economia – 20 vezes o Orçamento do Bolsa Família.
É essencial que esse valor circule para o reaquecimento dos negócios. Mas é ainda mais indispensável saber gastar com responsabilidade e planejamento para que a população não caia nas armadilhas da inadimplência e dos preços especulativamente inflados.
Fazer um pente-fino nas despesas fixas, pesquisar os menores preços, planejar os gastos não essenciais e manter foco no Orçamento não só protege as reservas pessoais, como representa uma contribuição inestimável para conter a inflação e irrigar de forma sustentável a economia nacional.