Editorial

Inflação do clima

Excesso de chuvas, estiagem e preços dos alimentos

Por Editorial de O TEMPO
Publicado em 12 de fevereiro de 2022 | 03:00
 
 
 
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A conta da crise hídrica de 2021 e das chuvas intensas da virada do ano chegou à mesa dos brasileiros. E o sabor amargo do custo da comida deverá durar por algum tempo ainda. Na inflação de janeiro, a maior para o mês nos últimos cinco anos, praticamente metade da alta foi responsabilidade de alimentos e bebidas em função das chuvas em Minas e Bahia e da estiagem prolongada nos Estados do Sul.

No relatório do IPCA divulgado pelo IBGE na semana que passou, as hortaliças e as verduras subiram 8,10%; a batata, 9,65%; a cebola, 12,43%; e a cenoura, 27,64%. Somente em janeiro, uma área equivalente a mais de 120 mil campos de futebol em 416 cidades mineiras foi afetada duramente pelas chuvas. Em Ravena, até 70% da produção de alguns agricultores foi perdida, e, em São Joaquim de Bicas, a Emater estima que a recuperação deverá levar pelo menos mais 30 dias.

Se muita chuva é ruim, a falta dela em Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná provocou a perda de 25% da produção de arroz, milho e soja. Esse foi um fator decisivo para a redução de 22,9 milhões de toneladas na projeção da safra de grãos para 2022. É algo que afetará as exportações, mas, principalmente, o bolso do consumidor brasileiro. A soja, por exemplo, além de matéria-prima do óleo alimentício, é um dos principais componentes da ração para o gado, prenunciando que os preços exorbitantes da carne nos açougues tão cedo não irão ceder.

No Planalto, uma MP está na mesa para liberar mais de R$ 800 milhões em socorro para os agricultores atingidos pelo clima. Um preço alto e que continuará necessário enquanto investimentos no combate ao aquecimento global não forem feitos e surtam resultados. Até lá, é o bolso do consumidor que pagará essa conta.

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