Quem depende de plano de saúde privado no Brasil pode estar fechando o ano com um custo de vida até cinco vezes maior do que o do índice oficial medido pelo governo. Um estudo da consultoria AON e divulgado pelo jornal “O Globo” em cem países mostrou que a chamada “inflação médica” no país será de 17%, enquanto o IPCA projetado é de 3,4%. 

Atualmente, segundo dados da Agência Nacional de Saúde (ANS), cerca de 47 milhões de brasileiros são beneficiários de serviços de saúde complementar. E os altos custos já levaram cerca de 3,1 milhões de usuários a migrar para a rede pública nos últimos três anos.

De acordo com o estudo, somente três países têm diferença maior entre a “inflação médica” e os índices oficiais: Costa do Marfim, Uganda e Malásia. E, no caso do Brasil, a tendência é que esse prejuízo para os consumidores continue no ano que vem.

Os motivos alegados pelas empresas do setor são o envelhecimento da população brasileira – que passa a demandar mais serviços – e a incorporação de novas tecnologias – de custo maior.

Mas há também um componente nada desprezível de ineficiência no sistema, com a falta de critérios claros para a recomendação de procedimentos para os pacientes e a repetição de pedidos de exames a cada novo médico consultado. E, mesmo assim, o setor fatura cerca de R$ 150 bilhões anuais.

Outro problema é o fraco incentivo à prevenção e aos serviços de atenção à saúde básica, capazes de evitar que problemas que poderiam ser sanados por médicos da família e ambulatórios se tornem procedimentos de alta complexidade e gerem custos astronômicos que sangram as economias do brasileiro comum e congestionam o sistema de atendimento à população.