Como não poderia deixar de ser em meio à pandemia, os olhares estão voltados para a vacina contra a Covid-19. Mas uma segunda vacina, contra a influenza, está disponível para milhões de brasileiros em uma grande campanha de imunização, e é essencial que ninguém menospreze sua importância. Ainda que o objetivo dela não seja combater ou imunizar contra o novo coronavírus, ela tem um papel essencial para evitar uma sobrecarga ainda maior nos já colapsados serviços hospitalares brasileiros, que registram mais de 90% de ocupação nas UTIs em grande parte dos Estados.
Em 2019, 5.800 brasileiros foram infectados pela gripe. No ano passado, devido às dificuldades de mensuração por causa da Covid-19 e pelo isolamento social adotado, estima-se que tenham sido 2.200 casos. Mas, ao mesmo tempo – e por motivo semelhante –, a cobertura vacinal reduziu de 90% em 2019, meta do Ministério da Saúde, para 88,8% em 2020.
Garantir que seja atendido o público prioritário – nesta primeira fase, crianças entre 6 meses e 11 meses e 29 dias, gestantes, mulheres no pós-parto e profissionais de saúde – é essencial. Os maiores de 65 anos, que precisam guardar um intervalo de pelo menos 14 dias após a imunização contra a Covid-19, serão contemplados na próxima fase, em maio.
Atingir a imunização contra a influenza tem uma série de efeitos benéficos. Um estudo publicado na “American Journal of Infection Control” aponta que os vacinados contra a gripe comum tiveram 24% menos risco de infecção pelo novo coronavírus. Mas, principalmente, o sucesso da campanha previne a emergência de uma segunda epidemia paralela à do coronavírus, o que multiplicaria os riscos de mortalidade em um país que hoje convive com 3.000 óbitos diários.