A poucas horas de o Carnaval de Belo Horizonte atingir seu ponto alto, os foliões foram surpreendidos pela notícia de que metade dos carros de som a serem usados na folia está irregular.
Além de equipamentos de segurança, são exigidos licenças e documentos que até a festa do ano passado não constavam das regras de participação, e cuja regularização, devido ao emaranhado burocrático, dificilmente os blocos atingidos conseguiriam cumprir a tempo.
A história mostra que é melhor prevenir do que remediar. Muitos mineiros devem se lembrar do acidente, ocorrido em 2011, em que um folião que estava em cima de um carro de som lançou uma serpentina que atingiu a rede elétrica, em Bandeira do Sul, na região Sul do Estado. O desastre deixou 16 mortos e 55 feridos. O rigor da Justiça tem base na cautela para que tragédias assim não se repitam.
A segurança, porém, pode ser feita de forma mais ágil e clara, para evitar dificuldades de interpretação que manchem festa que se tornou símbolo da economia criativa, do empreendedorismo e da cultura da capital.
O impasse vivido em Belo Horizonte representa, em menor escala, a mentalidade cartorial que é obstáculo ao desenvolvimento econômico do Brasil. Mostra que estamos a anos-luz de países como a Estônia, exemplo de administração pública digitalizada. O modelo lá adotado desde que o país saiu da União Soviética gera mais dinheiro e felicidade para os cidadãos.
A insegurança jurídica está na base da desconfiança que torna o custo Brasil mais alto e prejudica desde quem quer ganhar uns trocados trabalhando na folia até o empresário que é desestimulado a investir e gerar empregos. Tudo isso por causa de uma máquina pública desafinada com a realidade do mundo moderno.