O mundo começa a avançar no sentido de produzir uma vacina contra o coronavírus. Os bons resultados dos testes iniciais da vacina genética nos EUA animaram mercados e pesquisadores. Em outro caso, na China, os testes em humanos estão em estágio avançado. Em todo o mundo, a eficácia de mais de cem medicações está sendo avaliada. Mas a cura chegará para todos?
Para garantir que sim, líderes de governo e autoridades sanitárias reunidas na assembleia virtual da Organização Mundial da Saúde (OMS) fizeram o apelo que vacinas contra a Covid-19 sejam consideradas “bem público”. Assim, mesmo países sem dinheiro para investir no campo científico poderão ter acesso a um bem tão caro.
A empresa de biotecnologia Moderna gastou mais de US$ 580 milhões (algo em torno de R$ 3,3 bilhões) no desenvolvimento da vacina genética anunciada nesta semana. E o governo norte-americano garantiu a compra de pelo menos 300 milhões de doses. A China, por sua vez, aplicou US$ 2 bilhões (mais de R$ 16 bilhões) nos esforços contra a pandemia. Somas muito além do esforço da maioria das nações.
No Brasil, por exemplo, o Ministério da Ciência e Tecnologia disponibilizou R$ 100 milhões para pesquisa no início da pandemia e outros R$ 352 milhões após a Marcha para a Ciência, do dia 7 de maio. São de se louvarem os esforços desenvolvidos no país, inclusive em Minas Gerais, para participar dos estudos diante de uma desigualdade de condições tão acentuada.
Infelizmente, a defesa da vacina como “bem público” sofre objeções na OMS, alvo de desconfiança e ameaças de cortes de recursos. Diante de um cenário de cerca de 5 milhões de infectados e mais de 300 mil mortes, criar obstáculos para que a cura esteja disponível a todos não é só injusto, mas um ato contra a própria vida.