Brasileiros se vangloriam de não ter atentados terroristas em seu país, pelo menos não como aqueles vistos no Oriente Médio, na Europa e nos Estados Unidos. Mas o chamado “novo cangaço” impõe terror a moradores de cidades do interior, que ficam apreensivos diante da possibilidade de surtos desse tipo de crime, como aconteceu em 2018 no Sul de Minas Gerais. Ontem, Criciúma (SC) foi palco dessa prática em sua forma clássica: bandidos em carros pretos, fortemente armados e coordenados, reféns expostos na rua e barulhos de tiro.

Chamou atenção a complexa organização dos autores do crime. A forma como o ataque se deu revela que os autores planejaram de forma detalhada cada passo do assalto e conheciam a cidade, mesmo sendo provavelmente de outro Estado, como disse o governador de Santa Catarina. E, para a infelicidade da população, obtiveram sucesso.

Toda essa movimentação não acontece do dia para a noite, mas parece ter passado despercebida pelas autoridades. Os bandos especializados no novo cangaço costumam roubar carros de alto valor para a prática do crime e ter acesso a armas de uso exclusivo do Exército por meio do tráfico. Ou seja, se valem de várias falhas da segurança pública em todo o país para ascenderem na carreira criminosa.

O novo cangaço desafia o Estado. Às polícias cabe detectar com antecedência os passos dos grupos que planejam os atentados. Isso só é possível com investimento em inteligência capaz de captar troca de informações, acompanhar conversas de facções que podem estar envolvidas e atingir o núcleo financeiro das quadrilhas. É preciso também responder rapidamente à bandidagem,  localizando os autores e aplicando a lei de forma exemplar por meio da Justiça.