Está nas mãos do presidente da Assembleia Legislativa um requerimento com dezenas de assinaturas de deputados mineiros pedindo a instalação de uma CPI para investigar as responsabilidades dos dirigentes da mineradora e dos órgãos ambientais no rompimento da barragem de Brumadinho.
CPIs já tiveram consequência, mas sua proliferação acabou desvirtuando esse importante instrumento de investigação dos Legislativos. No caso, a incerteza sobre se ela cumprirá sua finalidade torna-se ainda maior, dado o fato de mineradoras já terem financiado as campanhas de muitos deputados.
Seja como for, é a oportunidade para a Assembleia realizar um amplo estudo sobre os impactos da mineração na vida dos mineiros, bem como para indicar alguns rumos para a economia do Estado, que desde os anos 70 patina sobre algumas atividades, sem encontrar um círculo virtuoso.
Uma desses segmentos é a mineração. Dele depende mais da metade dos municípios mineiros. Como Brumadinho, que pode exibir educação e saúde de qualidade porque 60% de suas receitas provêm da mineração. Mas, quando advêm desastres como o de Mariana e o de Brumadinho, instala-se o caos.
O desastre econômico é quase tão grande como o humano e o ambiental. A cidade sofre um processo de depressão que se estende por anos, até que ela encontre uma nova vocação ou que a mineração se restabeleça, sob condições mais seguras, porque não é possível admitir o simples retorno ao passado.
Com seu empobrecimento repentino, Mariana deu o sinal. Brumadinho está pagando um preço maior. Porque outros desastres poderão ocorrer, minas terão de ser fechadas. A tragédia ganha dimensões gigantescas, impactando a economia do próprio Estado, já debilitado por desarranjos fiscais.
O momento é agora. Se não se entregar segurança à comunidade social, não há mineração.