Obesidade é questão de saúde pública

Um em cada oito habitantes do planeta é obeso. Um estudo divulgado na semana passada pelo consórcio de pesquisadores NCD-Risc e Organização Mundial de Saúde (OMS) identificou que a prevalência, sobretudo entre crianças e adolescentes, multiplicou por quatro nos últimos 30 anos.

Não se fala aqui da questão estética ou da autoimagem das pessoas, mas dos efeitos do excesso de peso corporal sobre a saúde. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde, a obesidade foi responsável por 2,8 milhões de mortes por doenças não transmissíveis em todo o mundo.

De acordo com o Painel Brasileiro de Obesidade, até 2030, dois terços da população do país terão sobrepeso (aqueles que têm Índice de Massa Corporal entre 25 e 29) e um quarto, obesidade (IMC acima de 30).

Quando associada à fraqueza muscular, a obesidade aumenta em até 85% o risco de morte por doenças vasculares em pessoas acima dos 50 anos, de acordo com pesquisa da Universidade de São Carlos (SP) em parceria com o College London (Inglaterra). E o excesso de massa corporal também está associado a doenças como diabetes, doenças respiratórias, digestivas e neoplasias.

Estima-se que o Sistema Único de Saúde desembolse em torno de R$ 1,5 bilhão no tratamento de enfermidades relacionadas à obesidade. De acordo com o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde (Nupens/USP) , esse valor representa 22% dos gastos públicos com doenças crônicas não transmissíveis.

Há fatores genéticos e hormonais nas causas do ganho de massa corpórea. Igualmente, há inegáveis fatores ambientais e comportamentais que contribuem para a obesidade. É especialmente danoso o estilo de vida moderno cada vez mais sedentário, estressado, insone e mal alimentado – pelo menos um quinto da dieta do brasileiro é composta por alimentos ultraprocessados.

Conter essas tendência é uma questão de saúde pública e envolve incentivo a uma mudança radical que incentive mais atividade física, alimentação de qualidade e maior qualidade de vida.