Os louros do governo

O último domingo foi marcado por manifestações populares em várias cidades em apoio à operação Lava Jato e ao ministro Sergio Moro. Ambos vêm sendo alvo de críticas por mensagens divulgadas pelo site Intercept Brasil quando Moro era juiz.

As manifestações contemplaram também pautas do governo do presidente Bolsonaro, cuja gestão está completando seis meses, como a reforma da Previdência e o pacote anticrime do ministro Moro, este último paralisado no Congresso. De quebra, criticaram o Supremo e o Legislativo.

A audiência, formada pelo eleitorado mediano e conservador do presidente, faz parte daqueles 32% de brasileiros ouvidos pela última pesquisa do Ibope que consideram a gestão ótima e boa, mais os 32% que a consideram regular. Sensíveis ao discurso moralista do governo, pertencem à classe média e são de meia-idade, como indicam os próprios locais das manifestações: a praça da Liberdade, a avenida Paulista, o bairro Copacabana.

Para um mandato ainda em consolidação, os atos de rua constituem um trunfo, mostrando que mais da metade da população mantém as esperanças e confia em que o governo conseguirá executar seus programas. A área econômica continua sendo o que há de mais consistente na administração.

As reformas, a desestatização, a infraestrutura e a agricultura tendem a obter mais apoio da sociedade. Sobretudo se, como ocorreu agora com o acordo do Mercosul, o governo colhe os louros de uma démarche que já durava 20 anos com a União Europeia, na qual o ministro Paulo Guedes dizia não acreditar e a que o chanceler Ernesto Araújo, antiglobalização, opunha reservas.

Os temas polêmicos, como o decreto das armas e a demarcação de terras indígenas, encontram resistência, sobretudo no Congresso. Já a Lava Jato não deverá experimentar recuos, tendo em vista os serviços que já prestou ao país, reconhecidos pela maior parte da sociedade, com a exceção dos condenados.