Há um consenso internacional de que a receita para enfrentar o coronavírus envolve isolamento das áreas afetadas e testagem massiva da população, a exemplo do que fizeram China e Coreia do Sul, locais onde a epidemia está em retração. Mas, sem o compromisso individual dos cidadãos com os hábitos de prevenção, aquelas medidas acabam apenas produzindo gastos proibitivos sem atingir o seu objetivo.

Somente a produção de 20 mil kits para testagem do Sars-Cov-2 pela Fiocruz (um dos três laboratórios públicos responsáveis pela atividade no país) já representou um gasto estimado de R$ 2 milhões, calculando-se pelo custo unitário de R$ 100 o exame. E fora os testes realizados pela rede privada, pelo menos duas vezes mais caros. Sem falar nos prejuízos diários com a interrupção de serviços em indústrias e escolas, bem como a suspensão de viagens aéreas pelo país.

O investimento público é urgente e necessário. Somente ontem, o Ministério da Saúde anunciou a liberação de R$ 424 milhões para Estados e Distrito Federal combaterem a doença – o equivalente a metade do gasto com internações em UTIs no cenário mais otimista de infecção pelo vírus (R$ 930 milhões), segundo cálculos do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (Ieps).

Economias como a brasileira não têm a mesma capacidade de Coreia e China para arcar com tais despesas. Assim, é necessário também o esforço de cada em ações corriqueiras, como higienizar corretamente das mãos, proteger o rosto ao espirrar ou tossir, manter ambientes limpos e desinfetados e evitar aglomerações. A mudança cultural – aliada às ações oficiais – tem um preço em dinheiro e vidas muito menor e um resultado infinitamente mais duradouro.