Editorial

Ressaca da crise

Recessão ensinou responsabilidade financeira e agora traz otimismo


Publicado em 01 de dezembro de 2019 | 03:05
 
 
 
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Na última sexta-feira, a youtuber de finanças Nath Rodrigues escreveu, em rede social, que estava no ônibus chorando de felicidade porque seus seguidores “estão mudando a vida financeira” com suas dicas e ensinamentos. Talvez esteja aí um dos poucos saldos positivos da recessão pela qual o país passou entre 2014 e 2016: numa espécie de ressaca da crise, vieram mais maturidade na administração das finanças pessoais e um sopro de otimismo.

Embora os indicadores econômicos ainda não reflitam um crescimento real, a sensação de que o país está melhorando leva o empresariado a esperar um fim de ano mais lucrativo e desperta no consumidor o desejo de presentear mais. Após frequentes campanhas de renegociação de dívidas, cartilhas para orientar o consumo consciente e a popularização de influenciadores digitais que, em suas próprias palavras, falam de economia “para pobre”, a capacidade de administrar o próprio dinheiro parece vir se aprimorando.

O primeiro reflexo é a troca do juro pelo mimo. Pesquisa da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) revela que, neste ano, aumentou de 23% para 32% o percentual de trabalhadores que vão gastar ao menos parte do 13º salário com a compra de presentes. Já o pagamento de contas em atraso teve apenas 15% das citações.

A segunda consequência desses ares mais leves na economia virá no futuro: quatro em cada dez microempresários pretendem investir nos próximos meses. Levando-se em conta que as micro e pequenas empresas respondem por 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado, esses aportes têm o potencial de agir como o primeiro dominó a impulsionar nova sequência positiva. A incerteza continua, mas o brasileiro começa a se inclinar para o copo meio cheio.

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