Em meio à crise sanitária e econômica mundial, as emergências dificultam o planejamento para o médio e o longo prazo. Mas a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) exorta a América Latina sobre o que deve ser feito para a região sair da tribulação. Em relatório divulgado na quarta-feira (1º), a entidade prevê forte desaceleração na economia do continente em 2022 e recomenda atacar problemas ligados a baixa produtividade, desigualdade, instituições fracas e ameaça à sustentabilidade ambiental.
O recado da OCDE vem no momento propício para o Brasil, tendo em vista que as propostas para as eleições de 2022 começam a ser esboçadas. Em um continente com vocação profundamente populista, sempre é um parto debater seriamente produtividade, desigualdade, estabilidade institucional e sustentabilidade.
No que tange à produtividade, os governos precisam investir em tecnologias digitais, visando abrir uma maior quantidade de vagas de trabalho. Paralelamente, o futuro próximo vai demandar vontade política para discutir a ampliação da desoneração da folha de pagamento e soluções para a questão fiscal.
Além das históricas variáveis estritamente econômicas e sociais, o Brasil ainda vai iniciar o próximo ano enfrentando as dúvidas em relação à evolução da pandemia. A variante ômicron já provoca, se não um retrocesso, uma pausa na flexibilização das atividades. A incerteza causada pela nova cepa será dissolvida à medida que o país acelerar a vacinação de reforço e realizar o monitoramento genético da mutação.
O eleitor tem como missão, mais do que nunca, garimpar as propostas aplicáveis ao mundo real, sem se deixar seduzir pelo populismo, que já mostra suas garras.