Há mais de 15 dias os policiais civis e militares do Rio Grande do Norte estão em greve, reclamando da falta de pagamento de salários e deixando desguarnecidas a capital Natal e outras cidades importantes.
Sem segurança, o número de roubos e homicídios aumentou. O fato mostra quanto a polícia é necessária. Mas evidencia também que ela não é indispensável, desde que seja requerida a participação da sociedade.
O ideal é que esta tenha convicção sobre as fontes sociais da criminalidade, priorizando a educação, como fazem os países nórdicos e cidades como Nova York, onde os índices de violência são baixos ou vêm caindo.
Entre nós, experiências interessantes têm sido implantadas, apresentando resultados animadores. Desde 2004, na capital e em várias cidades do interior, funciona o modelo de Rede de Vizinhos Protegidos.
Trata-se da reunião de várias pessoas de uma cidade, bairro ou rua que trocam informações pelas redes sociais a respeito de movimentações anormais em sua região, de modo a prevenir surpresas violentas.
O modelo está se expandindo para o comércio, e já há vários grupos – com até 250 integrantes – funcionando na capital e no interior, ligados entre si e com a polícia, de modo a se proteger e dar proteção.
É impossível para a polícia estar em todos os lugares durante todo o tempo. Mas, se ela contar com a ajuda da comunidade, seu trabalho será mais efetivo e não dependerá exclusivamente de uma eventualidade.
Como disse um comerciante à reportagem de O TEMPO, “não quer dizer que (a rede) vai evitar um assalto, mas é uma precaução a mais”. Em algumas regiões, os registros de violência se reduziram em 80%.
A rede não dispensa os usos de inteligência, investigação e punibilidade, exercidos por órgãos especializados do Estado. Mas tende a demonstrar uma eficácia crescente, à medida que se expande.