Editorial

Sem cuidado, dengue deve bater recorde

Notificações no país passam de meio milhão, e perspectiva é de crescimento de 149% em relação a 2015

Por Editorial O TEMPO
Publicado em 14 de fevereiro de 2024 | 08:00
 
 
 
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O Carnaval acabou, e, se você estava esperando isso para começar a tomar providências para prevenir a dengue, começou tarde. O número de notificações em todo o país passou de meio milhão na segunda-feira (12), e a perspectiva é que haja um crescimento de 149% dos casos em relação a 2015, ano de maior quantidade de infectados na série histórica.

Mais de 4 milhões de brasileiros devem ser vítimas da arbovirose em 2024. Somente no fim de semana de Carnaval, 1.580 pessoas com sintomas de dengue (bem como zika e chikungunya) procuraram as 11 unidades de saúde disponibilizadas em BH – uma estatística que não inclui os pacientes que foram atendidos nas UPAs. Números que, infelizmente, não dão sinais de que vão mudar de tendência no curto prazo.

Além dos novos tipos sorológicos que começaram a circular no país – para os quais a população não tem proteção ainda –, outros dois pontos são cruciais para o crescimento: o aquecimento das cidades e a negligência com as medidas de prevenção.

Desde o fim de 2023, uma das mais intensas ondas de calor dos últimos anos atinge o Estado, com temperaturas variando acima de 39°C a 40°C. As projeções para o início de 2024 são de chuvas 50 mm a 100 mm acima da média e termômetros registrando 1°C a 2°C acima da série histórica. Isso significa mais água parada e melhores condições para proliferação do Aedes.

Ao mesmo tempo, os cuidados com a proliferação do mosquito foram menosprezados. Um relatório da PBH mostrava que 86% dos focos do Aedes aegypti estavam dentro das casas, em vasos de plantas, caixas d'água descobertas, piscinas e calhas.

O comportamento usual do mosquito transmissor é de não se afastar muito de seu foco até a fase adulta. Logo, quem se descuida da limpeza, na prática, está criando as condições para se tornar a próxima vítima.

Como as vacinas estão previstas para chegar a Minas somente em março, só resta tomar os cuidados de prevenção em casas, lotes e ruas. Pois, mesmo para quem ainda não fez isso, diante do risco real, vale o dito: antes tarde do que nunca.

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