Em meio a um dos períodos mais frios em 60 anos, Minas Gerais enfrenta o desafio de acolher as famílias que vivem nas ruas. Somente em Belo Horizonte, são cerca de 5.800 pessoas carentes de abrigo e de renda e que mal contam com agasalhos e cobertores para enfrentar uma sensação térmica que chegou a -9°C na madrugada.
De acordo com estudo do programa Polos de Cidadania, da UFMG, esse universo de desassistidos é ainda maior, podendo chegar a quase 9.000 homens e mulheres – em sua maioria, adultos de 18 a 59 anos. Uma grande parcela dessa população, segundo os pesquisadores, é basicamente invisível a benefícios sociais oficiais como o Auxílio Brasil.
Para enfrentar essa situação, BH dispõe de cerca 3.000 vagas em abrigos ou casas de passagem, com a possibilidade de contratar quartos na rede hoteleira em caso de necessidade. Há um déficit que não tem como ser suprido na urgência que a atual onda de frio exige. Por isso, é essencial o complemento da solidariedade humana.
Um cobertor, um agasalho ou uma refeição quente podem ser a diferença entre a vida ou a morte dessas pessoas sem nada. Em temperaturas abaixo de 15°C, o coração e o metabolismo precisam trabalhar mais para manter o equilíbrio térmico do corpo, que está com os vasos sanguíneos estreitados, aumentando os riscos de um ataque cardíaco. E, quando a temperatura do corpo cai abaixo de 3°C, a termorregulação praticamente para, e a pessoa vai perdendo a consciência até, literalmente, morrer de frio.
No atual momento, procurar entidades assistenciais sérias não só na capital, mas em todo o Estado, e doar roupas e cobertas é um ato de socorro e de altruísmo que pode e deve ser praticado. Calor humano custa pouco para quem oferece e vale muito para quem recebe.