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Temporais no Sul são tragédias anunciadas

Chuva e calor fora de controle são resultado de anos de queima de combustíveis fósseis e emissões de gases

Por Editorial O TEMPO
Publicado em 04 de maio de 2024 | 07:00
 
 
 
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As imagens catastróficas das chuvas no Sul do país são um inegável alerta de que o aquecimento global é um fato e ignorá-lo cobra seu preço em vidas. Até a manhã de sexta-feira (3.5) eram pelo menos três dezenas de mortes e mais de 70 mil impactados pelas enchentes. 

Para os meteorologistas, trata-se de um “evento extraordinário”. Eram esperadas chuvas para o período, mas, nestes últimos dias, o nível de precipitação foi de duas a três vezes maior que a média histórica. E a expectativa é de que o rio Guaíba, que corta Porto Alegre, suba algo em torno de 5 m, mais do que a enchente histórica de 1941, a maior de todos os tempos na cidade gaúcha. 

As explicações técnicas do fenômeno são de que a transição dos fenômenos El Niño (aquecimento do Pacífico) para La Niña (resfriamento do Pacífico Equatorial), associados ao aumento da temperatura do oceano Atlântico e a uma frente fria da Patagônia, aumentaram as chuvas. 

Mas um outro fator, que diz respeito também ao calor persistente em Minas Gerais – onde mais de 490 cidades estão em alerta – tornou ainda mais grave a situação. Hoje há um bloqueio de temperatura e alta pressão sobre o Sudeste e o Centro-Oeste. 

Infelizmente, nenhum desses fatores era imprevisível ou desconhecido. Na verdade, eles são o resultado de anos de queima de combustíveis fósseis e emissões de gases do efeito estufa. De acordo com o Cícero, Centro Internacional de Pesquisa Climática, o lançamento de partículas e gases na atmosfera cresceu 1,1% somente no ano passado, mais que o dobro d média de 0,5% na última década no planeta. 

Um dos resultados foi o aquecimento dos oceanos. Em agosto do ano passado, o Pacífico chegou a ficar 3°C mais quente que o normal. Agora imagine a quantidade de energia necessária para esquentar 714,8 milhões de quilômetros cúbicos de água – uma caixa d’água de mil litros tem 1 metro cúbico. E essa energia toda afeta as condições climáticas do planeta. 

A Terra não pode mais se dar ao luxo de negar o que é fato. Precisa buscar ações conjuntas e concretas para a redução da emissão de gases e o uso de energias limpas. A vida humana agradecerá. 

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