Terceira onda

Ainda que mal se vislumbre o fim da segunda onda da pandemia no Brasil, é preciso atentar que as ações – ou a falta delas – vai determinar como será e qual a gravidade de uma cada vez mais previsível terceira emergência do vírus. Acesso à vacina e responsabilidade no distanciamento social são a diferença entre vida e morte num horizonte que os economistas apontam que poderá vir dentro de até três meses.
As projeções do banco de investimentos JP Morgan calculam que, se a vacinação for acelerada, em vez dos atuais 70 mil casos diários na média móvel, o próximo repique do coronavírus terá 10 mil infectados por dia. Contudo, se a imunização atrasar 40 dias e a falha nas medidas de distanciamento e prevenção estimular o surgimento de novas cepas – como já ocorreu – mais transmissíveis, o que haverá em setembro será 72 mil novos infectados por dia em média.

Infelizmente, a realidade não traz otimismo. Além da escassez de insumos no mercado internacional devido à concorrência acirrada, a Fiocruz tem IFA suficiente para garantir produção até junho, e as entregas para agosto e setembro são uma incógnita gigantesca.

Mesmo que se confirme a previsão de que grupos prioritários estarão imunizados até setembro, o comportamento do vírus hoje projeta que hospitais seguirão carregados, mas de outro perfil de pacientes. Metade das internações de UTI já é de pacientes com menos de 40 anos, e o número de mortos entre 20 e 29 anos cresceu 1081% neste ano, segundo o Observatório  Fiocruz Covid-19.

O amanhã se constrói hoje, com a preservação rígida de medidas de prevenção e distanciamento social, bem como com o acesso de quem precisa às vacinas. Ignorar isso é, no fim das contas, contribuir para que não haja um futuro