Um garimpo de diamantes foi fechado pela Polícia Federal, na semana passada, às margens do rio Jequitinhonha, entre os municípios de Diamantina e Couto de Magalhães, no Vale do Jequitinhonha. No garimpo trabalhavam cerca de 900 pessoas, que viviam da atividade.
A polícia fez prisões e executou vários mandados de busca e apreensão, apreendendo ou destruindo equipamentos leves e pesados. Segundo as autoridades, o garimpo funcionava de modo irregular, movimentando cerca de R$ 30 milhões por mês na região.
O prefeito de Diamantina criticou a operação, certamente preocupado com a inatividade forçada dos garimpeiros. O Vale do Jequitinhonha é uma das regiões mais pobres de Minas Gerais, não oferecendo muitas alternativas de emprego para a população local.
Ele teme o caos social devido à interrupção de uma atividade que responde por 30% da economia local. O garimpo de diamante e outras pedras preciosas remonta ao Brasil Colônia, tendo sido responsável pela formação de várias cidades do Vale do Jequitinhonha.
No século XVIII, em Diamantina, o contratador de diamantes João Fernandes de Oliveira se notabilizou pela riqueza que adquiriu e pelo romance com a ex-escrava Chica da Silva. Desde aquela época, muitos brasileiros buscaram tenazmente a fortuna atrás dessa pedra preciosa.
A atividade, porém, pouco mudou. Ainda hoje é desenvolvida de forma rudimentar, provocando um enorme dano ambiental. O rio Jequitinhonha há séculos é vítima dessa economia extrativa que não deixa nada, a não ser buracos, poluição e morte de toda a vida natural.
Os garimpos são talvez o último recurso de sobrevivência dos homens do vale. Em passado recente, o leito do rio foi varrido em toda a sua extensão por dragas de uma multinacional durante vários anos. É inacreditável que o rio ainda proporcione algum resultado.
Segundo o delegado que fechou o garimpo, o Jequitinhonha acabou, não é mais um rio.