Triste alegria

Os risos adolescentes nos vídeos que circulam nas redes sociais não dão a verdadeira dimensão do risco da “brincadeira” registrada em diversas escolas no Estado e no país.

A prática consiste em enganar um colega que, ao saltar, leva uma rasteira para que caia de costas diretamente no chão. 

Os especialistas médicos alertam que essa forma de queda aumenta os riscos de um traumatismo craniencefálico, pois deixa a parte posterior da cabeça da vítima vulnerável a um choque direto com o chão.

Estima-se que 125 mil pessoas sejam internadas no país com traumatismo craniencefálico a cada ano, segundo dados do Datasus revelados, em setembro do ano passado, em pesquisa sobre as consequências desse tipo de lesão realizada pela fisioterapeuta e professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Aline Miranda – trabalho vencedor do Prêmio Mulheres na Ciência de 2019. 

No Hospital João XXIII, referência em trauma na capital mineira, o estudo da pesquisadora apontava entre 500 e mil atendimentos, com os mais diversos graus de gravidade, tendo como causas principais acidentes de trânsito e quedas.

Em todo o território nacional, o traumatismo craniencefálico seria responsável por mais de 9.000 mortes por ano e por gerar um custo anual de R$ 156 milhões ao Sistema Único de Saúde (SUS) com internações e tratamento dos pacientes – valor equivalente ao gasto com educação de 2.600 estudantes pelo governo federal.

Ortopedistas alertam que os tipos de lesão variam de acordo com a região atingida. Elas podem provocar confusão mental, tontura, náusea, perda de memória e, nos casos extremos, coma e morte – um preço elevado demais por um riso tão efêmero e questionável.