EDITORIAL

Uma nova vigilância

Redação O Tempo


Publicado em 03 de setembro de 2018 | 03:00
 
 
 
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Partiu de Minas Gerais a primeira denúncia importante do mau uso de mão de obra digital com finalidade eleitoreira. Em uma ação tão inescrupulosa quanto desajeitada, o deputado Miguel Corrêa, do PT, por meio de sua agência Follow, acabou exposto pelos ativistas escolhidos pela empresa para bombardearem as redes em prol das ações de seu partido. Entre influenciadores que se ofenderam por serem tratados como títeres do PT a preço de banana (“fazemos a defesa digital da esquerda e não de um partido”, defenderam-se) até espadachins online capazes de promover a venda qualquer coisa sem ideologia alguma, porque não receberam o valor prometido, o deputado mostrou que além de ignorar a lei, entende pouco das trincheiras digitais.

O artigo 57 da lei eleitoral veda a veiculação de qualquer tipo de propaganda eleitoral paga na internet, com exceção do impulsionamento de conteúdo, desde que seja identificado de forma inequívoca. Mas ainda não há regulação clara na contratação de perfis para defesa de campanhas ou ataque a adversários. E aí o deputado Miguel Corrêa não fica com o crédito de pioneiro. As campanhas eleitorais começaram antes do seu início oficial, nas redes. E não é necessário ser usuário experiente das plataformas de maior audiência (Facebook e Instagram hoje, no Brasil) para identificar o volume de perfis suspeitos, quando não claramente falsos, promovendo e espalhando desinformações ao ponto de se tornarem “notícia” mentiras sobre a legenda inimiga ou candidato adversário. Mark Zuckerberg fez mea culpa tardia sobre o poder que sua empresa deu a falsários digitais a ponto de determinar o resultado da última eleição nos Estados Unidos, que elegeu Donald Trump. No Brasil, também demoraram a agir contra as redes de finalidade difamatória, como as ligadas ao Movimento Brasil Livre (MBL). O diário inglês The Guardian defendeu recentemente em seu editorial que contra notícias falsas e os políticos que dela se valem, a neutralidade não é uma opção. É preciso apontar de forma inequívoca e técnica as mentiras, as irrealidades e as falsas equivalências. O jornal mineiro O TEMPO incorpora, a partir dessas eleições, mais essa vigilância entre as suas missões. 

 

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