O início dos testes de vacinas contra a Covid-19 em humanos, inclusive no Brasil, e os anúncios de bons resultados feitos pelos laboratórios trazem esperança no momento em que a pandemia já infectou mais de 15 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 2 milhões delas brasileiras. Mas este é somente o início do caminho, e o sucesso dependerá da colaboração de governos e da população.

Um grupo de 165 países está engajado em uma iniciativa de parceria para que, assim que a vacina estiver pronta, ela esteja disponível para as nações menos desenvolvidas e de mais baixa renda. Mas isso não impede ações como a dos EUA, que já compraram para eles toda a produção da Pfizer e BioNTech deste ano, mais de 100 milhões de doses – lembrando o caso dos respiradores chineses, que o Brasil já havia comprado, mas Washington acabou levando antes que os aviões da FAB pudessem ir buscá-los.

Superada essa concorrência, é preciso vencer o desafio da distribuição da vacina em um país de dimensões continentais e com graves problemas de logística. E ainda há um obstáculo no nível pessoal: nos últimos anos, boatos e preconceito ajudaram a diminuir a adesão às campanhas de vacinação. No caso do sarampo, apenas 4,2% dos 90 milhões de pessoas do público-alvo foram aos postos. Ações de desinformação sobre iniciação sexual precoce dos jovens fizeram com que a imunização contra HPV não passasse de 49% dos adolescentes.

Infelizmente, a questão da prevenção e da medicação contra o coronavírus foi ideologizada por diversos grupos, e não se deve permitir que esta seja mais uma barreira na direção de um mundo livre da Covid-19. Só com a colaboração de todos, países e indivíduos, é que poderemos, enfim, voltar a viver juntos e sem medo.