EDITORIAL

Violência de gênero

A ministra Damares Alves afirmou que é prioridade o enfrentamento da discriminação e da violência contra as mulheres


Publicado em 27 de fevereiro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Na ONU, falando em sessão do Conselho de Direitos Humanos da organização, a ministra Damares Alves afirmou que é prioridade de sua pasta o enfrentamento da discriminação e da violência contra as mulheres, sobretudo o feminicídio e o assédio sexual.

Foi uma intervenção adequada, mostrando que o governo, que antes tinha ameaçado deixar o conselho, está revendo seus conceitos, talvez em razão do aumento dos casos de feminicídio. Só neste ano, ao menos 126 mulheres foram mortas no Brasil.

Levantamento de órgão da ONU verificou que, a cada dez feminicídios cometidos em 23 países da América Latina e Caribe em 2017, quatro ocorreram no Brasil. Ao menos 2.795 mulheres foram assassinadas na região; desse total, 1.133 eram brasileiras.

Feminicídio é o assassinato de mulher em razão de sua condição de gênero. Aqui, o crime está tipificado como hediondo. A sociedade hoje o condena, quando, nos anos 70, absolvia o agressor. No entanto, brasileiros ainda acreditam que a mulher lhes pertence.

Se ela não denunciar as agressões, dificilmente o Estado será capaz de protegê-la. Em São Paulo, entre março de 2016 e março de 2017, apenas cinco das 124 vítimas de feminicídio haviam registrado boletim de ocorrência contra seu agressor, ou seja, 4% delas.

Levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgado ontem, aponta que 52% das mulheres agredidas não denunciaram o agressor a um órgão oficial e também não procuraram a família ou amigos. Só 22% delas apresentaram queixa à polícia.

Os algozes são conhecidos, na maioria dos casos (76%). As agressões ocorrem com mais frequência na casa das vítimas (42%). Foi o caso recente da mulher que foi espancada, em seu apartamento, durante quatro horas, por um homem que conheceu pela internet.

Ela pediu socorro, mas este demorou a chegar. Também a sociedade precisa se mobilizar contra a violência de gênero.

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