Foi fazendo uma despretensiosa matéria de mountain bike que apareceu o convite para cobrir o Bola de Prata 2019. Dei sorte do assessor de uma equipe de um ciclista também prestar serviço para a ESPN, responsável por uma das maiores premiações do futebol brasileiro. O convite veio e fiquei meio sem saber na hora. Afinal, o primeiro esporte do país aparece na minha rotina somente nos plantões. A Bola de Prata existe desde 1970 e faz parte da minha formação como um fanático futebolista. 

Mesmo sem cobrir o futebol, a paixão e o conhecimento contribuíram para ganhar o aval e rumar para São Paulo para uma presstrip. Por lá, repórteres de mais nove capitais: Fortaleza, Salvador, Belém, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Goiânia, Brasília e Recife. É sempre legal estar perto de colegas de profissão para dividir experiências e relatos.

A distância parece ficar somente na geografia com a rotina se parecendo bastante quando falamos em redações enxutas, ser responsável por várias funções e o amor incondicional pelo futebol. Todos com seu time do coração e contando muitos causos de 'eternos ídolos' que não saem do seu imaginário. O que não faltaram foram lembranças de vários cantos do país sobre jogadores folclóricos, aquelas transferências que nunca deram certo, ídolos de alguns odiado por outros e muitas perguntas para saber como anda o futebol aqui e ali. 

Mesmo sendo um defensor (e praticante) do vôlei, sempre querendo que esta e outras modalidades ganhem mais espaço na mídia, é nestas horas que a gente percebe e reconhece como não há concorrência para o futebol. É algo grandioso demais para se comparar e querer que qualquer outro esporte o supere em termos de números, investimentos, torcida, cobertura e paixão. 

Na primeira noite, admito que não esperava estar na mesma mesa de profissionais da ESPN que acompanho somente pela TV, como Léo Bertozzi, Rubens Pozzi (sou grande fã dos seus textos), Zé Elias e Luis Carlos Lago. É sempre diferente ter por perto gente que admiramos, nos dando atenção e mostrando como todos somos iguais dentro do jornalismo. Zé Elias deu mais uma aula de 'resenha', como costuma fazer nos programas em que participa. 

No dia seguinte, no Bola de Prata, tivemos a chance de uma cobertura inédita para muitos, estando em uma grande premiação, sem tempo para algum tipo de deslumbramento enquanto grandes nomes do futebol brasileiro entravam e saíam do salão. 

A correria seguiu no terceiro e último dia quando tivemos a chance de conhecer por dentro a rotina e os bastidores da ESPN, uma emissora que certamente é um espelho e inspiração para quem respira e trabalha com esporte. Foi difícil não ver os 'olhos (meus e dos colegas) brilhando' em algum momento, imaginando como deve dar um orgulho e satisfação trabalhar ali, dentro de uma grande estrutura, fazendo parte de um grupo internacional. 

Saí de São Paulo com mais uma cobertura rápida mas enriquecedora pra conta, agradecendo pela oportunidade e por ter conhecido profissionais que estão nesta luta diária de cobertura. A diferença para eles é que estou menos no futebol do que a grande maioria, não tirando o prazer de cada um por fazer o que gosta e por ter a chance de estar em uma cobertura única, que certamente não aparece toda hora.