O Global Cities Index 2025 elencou as mil cidades com melhor desempenho urbano do mundo. O destaque asiático foi Ho Chi Minh City, que ocupa a 286ª colocação geral. Belo Horizonte, embora incluída, aparece em 517º lugar.

A diferença entre a capital mineira e a cidade vietnamita impressiona. Nos anos 1970, Ho Chi Minh City era uma cidade arrasada. Foi bombardeada, empobrecida, isolada e marginalizada. Enquanto isso, Belo Horizonte vivia com estabilidade democrática, estrutura administrativa, expansão universitária, paz institucional e relativa prosperidade urbana.

A virada vietnamita começou em 1986 com a adoção da política econômica chamada Doi Moi. O Vietnã manteve seu regime autoritário, porém abriu-se ao capital estrangeiro, legalizou a iniciativa privada e reposicionou a economia em direção ao mercado global. Ho Chi Minh City aproveitou a mudança e assumiu protagonismo.

Hoje, a cidade reúne 9,3 milhões de habitantes, um PIB urbano de U$ 115 bilhões e mais de U$ 4,5 bilhões em investimento estrangeiro direto apenas no ano de 2024. É classificada como “Emerging Standout” pela Oxford Economics, grupo de cidades em países em desenvolvimento que superam a média nacional em desempenho.

Mesmo com notas baixas em meio ambiente (455ª) e governança (819ª), Ho Chi Minh City se destaca por sua economia (211ª), seu capital humano (177ª) e sua qualidade de vida (325ª). A cidade entrega resultados, executa projetos, movimenta recursos.
Sua estratégia inclui zonas econômicas especiais, corredores de BRT, drenagem urbana inteligente, metrô em expansão, parques tecnológicos e política ativa de atração de multinacionais. Empresas como Coca-Cola, FedEx, Intel e Samsung operam ali com estabilidade jurídica e infraestrutura moderna.

Enquanto Ho Chi Minh City retém talentos formados localmente, Belo Horizonte vê muitos dos seus jovens partirem. Enquanto a cidade vietnamita entrega obras de mobilidade, Belo Horizonte posterga decisões básicas. Enquanto lá há agilidade, aqui há morosidade.

O contraste é inegável. Belo Horizonte dispõe de democracia, imprensa livre, instituições consolidadas, população qualificada e universidades públicas de excelência. Ainda assim, não transforma esse capital em resultados comparáveis.

É crucial destacar: o modelo político vietnamita não serve de referência democrática. Não há imprensa independente, liberdade plena e multipartidarismo legítimo. Contudo, os avanços urbanos de Ho Chi Minh City mostram o que acontece quando se planeja com continuidade, se administra com foco e se age com coragem.

O segredo que Ho Chi Minh City conta é incômodo, objetivo e simples: o mundo não recompensa intenção, aparência ou discurso. O mundo recompensa entrega.