Nem todo bem e mal dependem de nós, pois há os alheios à nossa vontade, principalmente os da natureza. E ao dizermos que Deus permite o bem e o mal, se eles forem de nossa responsabilidade, é porque Ele, Deus Pai, respeita, rigorosamente, o nosso livre-arbítrio. E Ele permite os males da natureza, porque eles são necessários a ela pela sua sábia e inevitável lei. Por exemplo, os terremotos que são causados pelo acomodamento das placas tectônicas das terras tidas como ainda novas.
O nosso livre-arbítrio é uma característica sagrada do ser humano, pois foi dado por Deus, que, como ser onisciente e Inteligência Suprema, como diz a doutrina espírita, sabe muito bem o que faz. E é por isso que Ele permite também o mal, que, inclusive, pode se transformar em um bem ou criar um bem para alguém.
Um exemplo de um mal que dá oportunidade para surgir um bem para alguém, e que se originou do livre-arbítrio de quem sofreu um mal, foi dado pelo excelso mestre: Se alguém tomar um tapa numa face, que ofereça a outra ao agressor para ser também agredida, ao invés de reagir contra ele (Mateus 5: 39). Desse mal do agressor surge um bem, que é a não reação do agredido, o qual até se dispôs a sofrer outra agressão. Estamos, pois, diante de um mal que deu origem a um bem, embora o autor do mal seja outra pessoa, e não a que pratica o bem.
São Paulo, em Romanos 8:28 e 8:39, diz que todas as coisas contribuem para o bem dos que amam a Deus. Entre todas as coisas, há as do bem e as do mal, demonstrando-nos que do mal pode surgir, também, para nós o bem, desde que amemos a Deus. E Isaías (45:7) diz que o Senhor é também o único criador de todas as coisas, da luz e das trevas, do bem e do mal. Aqui Deus não só permite o mal, mas o cria também, demonstrando-nos que, se Deus cria o mal, é porque do mal pode provir também o bem.
O carma não deixa de ser um mal, se for de sofrimento para quem está colhendo o que plantou de mal. No entanto, torna-se um bem, pois está purificando ou libertando o indivíduo que está colhendo o que semeou. E o que dizer-se deste ensino do mestre dos mestres, quando Ele ensinou: Bem-aventurado aquele que chora, pois será consolado – nem vou dar a referência evangélica, pois é um texto muito conhecido por todos que têm o hábito de ler a Bíblia.
Como se vê, a existência do mal é bem complexa. E umas verdades muito importantes são: Deus não sofre com o pecado, não premia nem pune ninguém. É a famosa lei universal bíblica e inexorável de causa e efeito que funciona. Ela é criada por Deus, mas manipulada por nós. E colhemos, pois, o que semeamos!
PS.: Com este colunista, professor de português e literatura aposentado, “Presença Espírita na Bíblia”, na TV Mundo Maior, e palestras e entrevistas em TVs (YouTube e Facebook). Seus livros estão, também, na Amazon, inclusive os em inglês. E a tradução da Bíblia (N.T.) contato@editorachicoxavier.com.br Cássia e Cléia.