Passaram-se já cinco anos do papado de Francisco, bispo de Roma e papa da Igreja universal. Muitos fizeram balanços minuciosos e brilhantes sobre essa nova primavera que irrompeu na Igreja. Enfatizo apenas alguns pontos que interessam a nossa realidade.
O primeiro deles é a revolução feita na figura do papado, vivida em pessoa por ele mesmo. Não é mais o papa imperial com os símbolos herdados dos imperadores romanos. Ele se apresenta como simples pessoa do povo. Sua primeira palavra de saudação foi dizer aos fiéis “buona sera” (“boa noite”). Em seguida, anunciou-se como bispo de Roma, chamado a dirigir a Igreja que está no mundo inteiro. Antes mesmo de dar a bênção oficial, pediu que o povo o abençoasse. E foi morar não num palácio, mas numa casa de hóspedes. E come junto com eles.
O segundo ponto é anunciar o Evangelho como sentido de viver e menos como doutrina dos catecismos. Não se trata de levar Cristo ao mundo secularizado, mas descobrir sua presença nele.
O terceiro ponto é colocar no centro de sua atividade o encontro com o Cristo vivo, o amor apaixonado pelos pobres e o cuidado da Mãe Terra. O centro é Cristo, e não o papa. O encontro vivo com Cristo tem o primado sobre a doutrina.
Em vez da lei, anuncia a misericórdia e a ternura, como o disse, falando aos bispos brasileiros, em sua viagem a nosso país.
O amor aos pobres foi expresso em sua primeira intervenção oficial: “Como gostaria que a Igreja fosse a Igreja dos pobres”. Foi ao encontro dos refugiados que chegavam à ilha de Lampedusa, no sul da Itália. Aí disse palavras duras contra certo tipo de civilização moderna que perdeu o sentido da solidariedade.
Suscitou o alarme ecológico com sua encíclica “Laudato Si”, sobre o cuidado da Casa Comum, dirigida a toda a humanidade. Mostra clara consciência dos riscos que o sistema vida e o sistema Terra correm. Por isso, expande o discurso ecológico para além do ambientalismo. Diz enfaticamente que devemos fazer uma revolução ecológica global. A ecologia é integral, e não apenas verde, pois envolve a sociedade, a política, a cultura, a educação, a vida cotidiana e a espiritualidade. Une o grito dos pobres com o grito da Terra. Convida-nos a sentir como nossa a dor da natureza, pois estamos todos interligados.
O quarto ponto foi apresentar a Igreja não como um castelo fechado e cercado de inimigos, mas um hospital de campanha que a todos acolhe sem reparar em sua extração de classe, de cor ou de religião. É uma Igreja em permanente saída para os outros, especialmente para as periferias existenciais que grassam no mundo inteiro. Ela deve servir de alento, infundir esperança e mostrar um Cristo que veio para nos ensinar a viver como irmãos e irmãs, no amor, na igualdade, na justiça, abertos ao Pai.
Por fim, mostra clara consciência de que o Evangelho se opõe às potências deste mundo, que deixam na miséria grande parte da humanidade. Vivemos sob um sistema que coloca o dinheiro no centro e que é assassino dos pobres e dos bens e serviço da natureza. Dialoga com todas as tradições religiosas e espirituais. No lava-pés da Quinta-Feira Santa, estava uma menina muçulmana.
Quer as Igrejas, com suas diferenças, unidas no serviço ao mundo, especialmente aos mais desamparados. É o verdadeiro ecumenismo de missão.
Com esse papa que “vem do fim do mundo” se encerra uma Igreja ocidental e começa uma Igreja universal, adequada à fase planetária da humanidade, chamada a encarnar-se nas várias culturas e construir aí um novo rosto a partir da riqueza inesgotável do Evangelho.
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