Em 2018, 64.022 mineiros depositaram em mim uma missão bastante árdua – ser voz de um povo cansado de corrupção, cansado de politicagem e, principalmente, um povo sedento por mudança. Entrei em um contexto político caótico. Uma pesquisa realizada à época constatou que 96% dos brasileiros não se sentiam representados pelos políticos, e 89% acreditavam que os políticos não tomavam as decisões pensando no povo. Uma descrença praticamente unânime.
Eu me coloquei no fronte para desafiar esse sistema que, embora seja democrático no papel, ainda está muito distante de um sistema realmente representativo e eficiente. Na minha mala para Brasília, eu trazia uma bagagem imensa de sonhos: o maior deles, restaurar a crença dos jovens no Brasil – 62% deles não queriam criar raízes no Brasil porque não enxergam um futuro sólido em nossa nação. Um contrassenso, se pensarmos no potencial inigualável do nosso país. Temos absolutamente tudo para sermos os maiores do mundo.
Dentro da Câmara dos Deputados, eu percebi por que ainda somos um país tímido diante de todos os recursos que temos. De fato, os interesses do Brasil ainda não protagonizam a agenda principal de boa parte do Congresso.
Em quatro anos, tivemos a oportunidade de realizar todas as reformas estruturantes que o país precisava para entrar no eixo. A reforma tributária, por exemplo, corrigiria um dos maiores problemas que nos leva a ser ainda um país de maioria pobre, com renda inferior a R$ 3.000.
Tivemos também nas mãos a oportunidade de aprovar a reforma administrativa que modernizaria o Estado, tornando-o mais eficiente. São duas propostas que, por si só, simplificariam a vida de milhões. Mas o jogo político de interesses perversos fez com que o Congresso priorizasse comemoração de datas, títulos honoríficos, flexibilização fiscal e regulamentação de profissões. Vários projetos que, na prática, ou não mudaram em nada a vida do brasileiro ou, pior, trouxeram algum tipo de retrocesso.
Eu, juntamente com os meus colegas da bancada do Partido Novo, guardamos a coerência em todo o tempo. Enfrentamos projetos populistas, sem medo de represálias. E, não obstante a todos os desafios – conseguimos não só estancar projetos ruins, mas também proporcionar mudanças históricas.
Ao longo desse relatório, você conhecerá as minhas principais conquistas durante o mandato. Algumas reformas ficaram no meio do caminho, mas outras foram muito bem-sucedidas. A nova previdência, o marco legal das startups, a lei do gás, a lei da liberdade econômica, a permissão para celebrar contratos de infraestrutura em dólar, a lei do CPF único, o marco do saneamento básico e outros avanços que, certamente, fizeram essa jornada valer a pena. Também economizei R$ 5.425.044 aos cofres públicos.
Abdiquei de aposentadoria especial, auxílio moradia e apartamento funcional. Figurei em todos os anos na lista dos dez melhores deputadas do Brasil. Indiquei milhões de reais em emenda por meio de edital. Selecionei projetos com largo potencial de transformar a realidade das pessoas de Minas Gerais.
Deixo para a próxima legislatura o legado de que é possível ser fiel aos princípios e valores até o fim, ainda que isso implique desagradar a alguns. A política não é balcão de negócios. É instrumento de transformação. Quinhentos e treze pessoas podem e devem fazer muito pelo Brasil.
Encerro o mandato, mas não a missão que Deus me confiou. O meu coração jamais deixará de pulsar forte pelo Brasil.
Lucas Gonzalez é empresário