Todos sabemos que as eleições de 2014 se estenderam por quase dois anos, até que, sob a liderança do PSDB, a então presidente Dilma Rousseff (PT) fosse desalojada do trono com um impeachment pelo qual, a seu final, clamava uníssono o país inteiro. Derrotado na disputa pela Presidência, o mesmo PSDB não desistiu da campanha eleitoral até que Dilma pegasse o voo para seu novo domicílio em Porto Alegre.

Ganhou o Brasil, dada a enorme incompetência daquela que gastara metade de seu segundo mandato aplicada em se defender de uma coleção de atos aos quais a história reservou o justo lugar de terem sido, em 13 anos de governo, a engenharia do maior escândalo de corrupção de que já se teve notícia no Brasil, quiçá no mundo. Petrobras, Eletrobras, fundos de estatais, Correios, BNDES, Caixa e Banco do Brasil, Furnas, ministérios quase todos formam os ativos que desde 2002 PT e partidos de suas alianças sangraram para enriquecer as contas de seus comparsas e, assim, quebrar o Brasil.

Ganhamos com a saída do PT e a forçada interrupção ou pelo menos diminuição da roubalheira desses grupos. Muitos de seus agentes estão presos como consequência das condenações despachadas de Curitiba, e nos próximos anos, rezemos, outras levas terão como destino o xilindró. Tudo funcionando bem, o PSDB terá vários nomes para oferecer na formação dessa fila. É justo que todos paguem por seus crimes.

Estamos num novo momento. Acabou a campanha que elegeu Bolsonaro, e agora assistimos à escolha de nomes para montagem da equipe de cujo trabalho o Brasil espera bons resultados, capazes de fazer a economia crescer, o desemprego diminuir, as instituições serem fortalecidas dentro de seus limites constitucionais, o desenvolvimento ressurgir com o trabalho, e não com a especulação, os juros baixarem, tornando o crédito acessível, pautas essenciais desse quadro de transformações, sem o quê começarão, com toda a certeza, a florescer o desalento e a revolta de toda a sociedade. Vendeu-se bem que as soluções estavam prontas, e elas têm que ser demonstradas.

A esperança que elegeu Bolsonaro é também a esperança de mudanças sobre as quais não se falou objetivamente até hoje, como alcançá-las, como torná-las reais. Estamos praticamente a um mês da posse, e ainda não se viu projeto algum sobre tais demandas. Há conversas, há medidas polêmicas para encher linguiça, como, por exemplo, a devolução dos médicos cubanos a seu país, a troca de endereço da embaixada do Brasil em Israel, a revogação de audiência de custódia, mas isso não muda nada na busca de uma sociedade com urgência de trabalhar para poder viver, morar, vestir e comer.