O dólar tem vivenciado uma valorização significativa. Até o início deste mês, a principal moeda do mundo já tinha acumulado alta de 17,92%, somente em 2020. Essa situação afeta, direta ou indiretamente, toda a sociedade, mas com impacto principal na vida de empresários e investidores. Os especialistas atribuem esse cenário às instabilidades políticas mundiais e apontam a epidemia do coronavirus e a queda nos preços do petróleo como agravantes.

As desvantagens da alta do dólar e, consequentemente, da desvalorização do real são muitas. O aumento dos custos com importação tende a colocar os empresários na difícil posição de escolher entre redução de seus lucros ou o repasse desse aumento para os consumidores, ambas alternativas que podem gerar inflação e desemprego no longo prazo. Também existem os efeitos imediatos, como a dificuldade para fazer viagens para o exterior, por exemplo, uma vez que as relações cambiais se tornam desfavoráveis para quem utiliza moedas mais fracas, como o real.

No entanto, o cenário também pode trazer alguns pontos positivos. O distanciamento entre investidores brasileiros e ativos internacionais, causado pela alta do dólar, pode fortalecer o mercado interno. Diante da elevação generalizada dos preços, os investimentos em reais se tornam mais atraentes por exigirem um aporte menor, fomentando o setor e gerando riquezas para o país.

Outro setor que deve se beneficiar fortemente da alta é o turismo interno. Geralmente, os destinos internacionais são muito buscados. Os gastos brasileiros em viagens ao exterior chegaram a US$ 17,5 bilhões em 2019. No entanto, com a valorização da moeda norte-americana esse número tende a diminuir, uma vez que, para gastar menos, os turistas devem passar a optar por destinos nacionais. Fenômeno que trará boas oportunidades para quem atua nesse segmento.

Se por um lado as importações são prejudicadas, o cenário de dólar elevado beneficia as exportações. As previsões iniciais da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) para a balança comercial em 2020 estimavam uma queda 3,2% em relação a 2019, com acúmulo esperado em US$ 217,341 bilhões. No entanto, o cenário atual indica uma possibilidade de superação dessas expectativas. Com a moeda norte-americana forte, quem realiza transações comerciais com os Estados Unidos, ou outros países que operam com o dólar, tende a ter seus produtos mais competitivos no mercado internacional e seus lucros otimizados.

Pelo fato de o dólar ser a moeda utilizada como referência em transações de todo o mundo, a instabilidade gera receios e incertezas no meio corporativo. No entanto, apesar dos riscos, esse cenário também pode trazer novas oportunidades. Com paciência e estratégia é possível contornar os obstáculos e se beneficiar da situação.