Matheus Vieira Campos

Desafios do crescimento das empresas recém-nascidas

Sucesso pode se tornar uma constante, mas não é necessariamente definitivo


Publicado em 02 de maio de 2020 | 03:00
 
 
 
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Empreender no Brasil é um grande desafio em inúmeros aspectos. Geralmente, o investimento necessário é alto, a concorrência é grande, o sistema é repleto de burocracias e a economia nacional é volátil. Por isso, o momento de colher os frutos desse esforço é digno de euforia. No entanto, é importante se ter em mente que o sucesso pode se tornar uma constante, mas não é necessariamente definitivo.

É o caminho trilhado por quase todas as pequenas empresas recém-nascidas. Os primeiros anos de atuação são marcados pela tentativa de estabelecer um modelo de negócios eficiente e sustentável, que conquiste seu espaço no mercado e amplie a base de clientes. Um período de adaptação, marcado por uma lógica de tentativa e erro. Passado o decisivo estágio da validação, é a hora da consolidação.

Nessa fase, a estagnação não é uma opção. É a saída da zona de conforto que permitirá a identificação de novas demandas, o oferecimento de soluções inovadoras e o estabelecimento de parcerias de sucesso. O resultado é o aumento da atratividade do negócio, a geração de mais valor e, consequentemente, a elevação das taxas de lucro.

Mas, apesar dos inúmeros benefícios, esse período de consolidação traz consigo desafios. Talvez o principal deles seja a necessidade de reconfigurar o negócio para se adaptar a essa nova realidade, que pode exigir sacrifícios por parte dos gestores.

O exemplo da Meliuz, empresa mineira que devolve em dinheiro parte do valor gasto em compras online, ilustra esse aspecto. Durante seu processo de crescimento, os gestores notaram que a ferramenta de comparar preços, um dos produtos oferecidos inicialmente, não estava rendendo os frutos esperados, e por isso foi encerrada, direcionando os recursos exclusivamente ao cashback nos estágios iniciais. Posteriormente, a decisão se mostrou acertada. Após a adoção da estratégia, a empresa registrou, em dois anos, crescimento R$132 milhões em vendas.

No entanto, tomar a decisão acertada não é uma tarefa fácil. Muitas vezes, uma atitude que beneficia a empresa externamente pode ter impactos negativos internamente, e vice-versa. A solução para esse problema passa por uma reestruturação constante do plano de negócios, pois é o que viabiliza uma avaliação do custo-benefício das ações adotadas e uma distinção entre o que é realmente necessário e o que é dispensável na trajetória de crescimento da empresa.

É difícil precisar a estratégia de expansão mais adequada, dada a diversidade das empresas em termos de porte e segmento. Mas um fator compartilhado pelos empreendimentos que passam por este processo com tranquilidade é o foco no desenvolvimento da cultura organizacional. Quando se tem valores e objetivos bem definidos e alinhados entre gestores e colaboradores, o processo de crescimento ocorre de modo orgânico, produtivo e, consequentemente, bem-sucedido.

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