Diante do potencial do empreendedorismo para impulsionar o desenvolvimento da economia, a criação de políticas de incentivo a essa atividade deveria ser prioridade de governantes em todas as esferas. No Brasil, os níveis de favorabilidade são altamente variáveis. Pelo menos é o que aponta a pesquisa Cidades Empreendedoras, da Endeavor, que montou um ranking das 32 cidades mais propícias ao empreendedorismo no país. Em nível regional, o cenário é positivo, mas ainda sinaliza a existência de um longo caminho a ser percorrido. No levantamento, feito em 2017, Belo Horizonte subiu duas posições em relação à edição anterior e chegou ao “top 10”, ocupando o nono lugar.

Entre os pontos que indicam esse bom desempenho estão as alternativas de financiamento ofertadas na cidade. Uma das vantagens que os empreendedores belo-horizontinos usufruem é a ampla disponibilidade de recursos externos aos quais eles podem apelar para viabilizar seus projetos. No período pesquisado, o índice de capital disponível via dívida, calculado por meio de uma divisão entre o saldo das operações de crédito realizadas e o Produto Interno Bruto (PIB) do município, foi de 7,38, o terceiro maior.

Além disso, a metrópole se destaca também no quesito capital humano, indicador que reflete a disponibilidade de mão de obra qualificada e leva em conta números como a média de notas nas provas do Enem e do Enade e a quantidade de estudantes matriculados em cursos profissionalizantes e superiores.

Na análise dos ambientes regulatórios, Belo Horizonte aparece na 19ª colocação. O índice leva em conta a carga tributária com a qual os empreendedores devem lidar antes de iniciarem suas operações. São inclusos nesse cálculo o tempo gasto nos processos e o custo dos impostos. Em BH, o tempo médio para se abrir uma empresa é de 41 dias, período considerado longo em relação a outras localidades, como Cuiabá, por exemplo, onde a média é de 20 dias.

Entre os indicadores com os piores desempenhos, chama atenção o da cultura empreendedora, no qual a capital mineira ocupa a 29ª posição. O índice se refere à percepção das pessoas sobre a atividade e seus níveis de motivação e demonstra uma resistência dos belo-horizontinos em relação à atividade.

Apesar disso, o potencial empreendedor regional é evidente. Segundo os números mais recentes da Startup Base, banco de dados da Associação Brasileira de Startups, Belo Horizonte é a terceira cidade do país com o maior número de novas empresas com modelos de negócios escaláveis.

Para que o município alimente esse potencial, algumas ações devem ser desenvolvidas, como, por exemplo, as reduções da burocracia e da carga tributária e, ainda, a realização de investimentos em educação, inovação e empreendedorismo na capital.