Há uma teoria – conspiratória, na visão de alguns, e correta, para outros –, segundo a qual a operação Lava Jato, desde o início, ainda em 2014, atua de forma seletiva na hora de decidir quem investigar, prender e julgar. Para essa corrente, o objetivo da ação seria enfraquecer o governo Dilma e o PT. E, mais recentemente, com o fracasso da oposição de avançar com o impeachment da presidente no Congresso, a Lava Jato seria o braço jurídico para inviabilizar a continuidade do atual mandato de Dilma e, de quebra, atingir o ex-presidente Lula por meio da prisão de pessoas ligadas a ele (como a detenção do pecuarista José Carlos Bumlai) ou até mesmo do próprio petista – hoje Lula é o único nome do PT com viabilidade eleitoral para concorrer à Presidência em 2018.
Independentemente da veracidade ou do caráter fictício da tese acima, a prisão, ontem, do senador Delcídio do Amaral, líder do governo federal no Senado e um dos principais quadros atuais do PT, dá legitimidade à Lava Jato. E, mais, fragiliza de vez o Palácio do Planalto, além de comprovar a já sabida derrocada do Partido dos Trabalhadores. A revelação das gravações de conversas de Delcídio com advogados e pessoas próximas de Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobras preso por corrupção, vai além de uma comprovação de culpa no cartório. Ela também demonstra o uso do cargo de senador e de líder do governo como uma moeda de troca para oferecer vantagens (no caso pagar o silêncio de Cerveró em sua delação) e ainda cometer outro crime, dar fuga a um réu da Justiça. Coisa de máfia.
Por mais que o PT e o Planalto digam o contrário, Delcídio não é um político qualquer. Ele, inclusive, chegou a ser cotado para assumir ministérios no governo Dilma e, em suas conversas, falou mais do que devia. Em um dos trechos, ele diz ter tido acesso ao rascunho da delação de Cerveró, no qual ele teria dito que Dilma “sabia de tudo” sobre a compra da refinaria de Pasadena (EUA). De acordo com o Tribunal de Contas da União (TCU), houve um superfaturamento de R$ 792 milhões na negociação. O senador ainda demonstrou ter boas relações com ministros do STF, com os quais ele prometia intermediar a soltura de Cerveró, e também levantou suspeita ao participar de um diálogo sobre a suposta conta do senador Romário (PSB) na Suíça. Na conversa, um dos interlocutores diz a Delcídio que a conta existia, sim, e que Romário teve que agir para desaparecer com ela. Enfim, Delcídio caiu, mas jogou lama para todo lado.
Sobre a seletividade, tema do início da coluna, causa certo espanto o argumento usado para justificar a prisão do senador (estar obstruindo as investigações) não ser aplicado a Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O presidente da Câmara abusa de suas prerrogativas no cargo para atrapalhar apurações contra ele.
Clique e participe do nosso canal no WhatsApp
Participe do canal de O TEMPO no WhatsApp e receba as notícias do dia direto no seu celular
O portal O Tempo, utiliza cookies para armazenar ou recolher informações no seu navegador. A informação normalmente não o identifica diretamente, mas pode dar-lhe uma experiência web mais personalizada. Uma vez que respeitamos o seu direito à privacidade, pode optar por não permitir alguns tipos de cookies. Para mais informações, revise nossa Política de Cookies.
Cookies operacionais/técnicos: São usados para tornar a navegação no site possível, são essenciais e possibilitam a oferta de funcionalidades básicas.
Eles ajudam a registrar como as pessoas usam o nosso site, para que possamos melhorá-lo no futuro. Por exemplo, eles nos dizem quais são as páginas mais populares e como as pessoas navegam pelo nosso site. Usamos cookies analíticos próprios e também do Google Analytics para coletar dados agregados sobre o uso do site.
Os cookies comportamentais e de marketing ajudam a entender seus interesses baseados em como você navega em nosso site. Esses cookies podem ser ativados tanto no nosso website quanto nas plataformas dos nossos parceiros de publicidade, como Facebook, Google e LinkedIn.
Olá leitor, o portal O Tempo utiliza cookies para otimizar e aprimorar sua navegação no site. Todos os cookies, exceto os estritamente necessários, necessitam de seu consentimento para serem executados. Para saber mais acesse a nossa Política de Privacidade.