PAULA PIMENTA

Desorganização junina

Redação O Tempo


Publicado em 20 de junho de 2015 | 03:00
 
 
 
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Adoro o mês de junho por vários motivos, entre eles as festas juninas! E exatamente por isso me lembrei de uma das festas mais marcantes de que já participei...

Confesso que não sou uma pessoa muito organizada. Nem o meu quarto eu consigo manter arrumado por muito tempo. Por isso, sempre fugi das lideranças de turma, das programações com antecedência, de tudo que exigisse um mínimo de planejamento. Uma única vez resolvi organizar algo, junto com uma amiga, no terceiro ano científico. Tomamos a iniciativa de mandar fazer as camisetas da sala, aquelas que geralmente as turmas de terceiro ano fazem com o nome de todos os alunos para marcar a época – e deu errado. Esquecemos (mesmo revisando mil vezes) o nome de uma das colegas, e eu passei o resto do ano sem ter coragem de olhar para a cara dela. E o resto da vida com trauma de organizar qualquer coisa.

Até alguns anos atrás, quando acabei caindo numa comissão organizadora novamente. Caindo nada, na verdade eu fui voluntária, mas é que, se alguém não tomasse a frente, o evento não ia sair. Então, eu e duas amigas resolvemos fazer uma festa junina no sítio de um amigo nosso.
No começo tudo correu bem, todos os encontros de organização acabaram em festa, e na teoria tudo estava funcionando perfeitamente. Mas, com a proximidade, começaram os “pepinos”. Eu, que nunca tinha organizado uma festa de vender convites antes, não entendia muito bem a razão de o preço ser mais baixo se a compra fosse antecipada. Agora eu sei. É que precisamos ter uma estimativa de quantas pessoas irão para fazer as compras e também uma certeza de dinheiro na mão para saber se os gastos serão compensados.

Acontece que as pessoas preferem pagar mais caro na hora a ter que decidir com antecedência. E aí, lá vem problema! Se comprarmos a mais, levamos prejuízo. Se comprarmos a menos e aparece mais gente, falta coisa, e a culpa é nossa! Realmente é complicado.

Nas noites anteriores à festa, nem dormi direito, imaginando se tudo daria certo. Liguei preocupadíssima com as contas para uma das minhas amigas da comissão, e ela – a calma em pessoa – me falou: “Calma, Paulinha... está tudo sob controle. Já arrumou os corações?” Eu não tive como não rir! Eu completamente estressada com o dinheiro, e ela me perguntando sobre o correio elegante (sim, foi uma festa junina tradicional). Depois disso, acabei me acalmando e me pus a recortar corações de papel.

O dia da festa finalmente chegou. Acordei cedinho, busquei o pagamento de alguns convites, comprei gelo, tirei xerox do mapa do local para deixar para quem nunca tinha ido lá e fui para o sítio. Trabalho duro. Pregamos bandeirinhas, colocamos bebidas para gelar, trocamos móveis de lugar, recebemos o pessoal do som... E por sorte muita gente apareceu para ajudar.

Na hora, só mesmo a adrenalina para me deixar em pé, tamanho o cansaço. Coloquei minha roupinha de jeca (com direito a mil retalhos e quatro meias-calças para não sentir muito frio), fiz maquiagem de pintinhas e fiquei esperando as pessoas chegarem. Demos instruções de última hora para o pessoal que contratamos para trabalhar no evento, uma última fiscalizada na decoração, e pronto. Começou.

As pessoas foram entrando, e o local foi ficando colorido. Comecei a ver que quem está por trás das festas pode até não aproveitar tanto, mas sente um prazer diferente. Uma emoção por constatar que aquilo ali aconteceu por sua causa. Tudo passou muito rápido. Curti cada minuto, conversei com quase todo mundo, cantei e fotografei o tempo inteiro. O sorriso das pessoas mostrou que a felicidade não era privilégio meu, todo mundo estava compartilhando dela. Não era mais junho, mas foi uma noite de São João. São Pedro colaborou, e até Santo Antônio deu uma forcinha...

No dia seguinte, com o coração ainda batendo acelerado pelas emoções da noite anterior, fizemos uma reunião para ver a situação financeira... Prejuízo alto! Na verdade, surpresa nenhuma, dada a inexperiência das organizadoras. Acontece que a turma realmente é unida, e, como todo mundo se divertiu igualmente, muita gente se ofereceu para dividir também os gastos. No fim, foi pouco o que tivemos que desembolsar, e o divertimento certamente compensou a quantia gasta.

O certo é que desde então passei a olhar com outros olhos para os organizadores de eventos e, quando acontecer de novo, vou dar muito mais valor. E eu, que achava que depois ia me sentir superaliviada por ter acabado tudo, me peguei sentindo falta daquela agitação toda. Saudade dos encontros, da divulgação, da expectativa e especialmente da festa em si. Na hora tudo passa muito rápido, e depois ficam só as fotos e as lembranças...

Pode até ser que eu pense duas vezes antes de organizar outra coisa, mas, se for uma festa como aquela, podem contar comigo. Eu faria tudo outra vez. Quem sabe assim eu não desenvolva o dom da organização? Dizem que a melhor forma de aprendizado é a prática. Não duvido. E se for para praticar festejando com amigos, certamente estarei na primeira fila dessa escola.

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