Apertar, sufocar, fazer o governo sangrar. Faltando quinze meses para as eleições presidenciais a oposição já definiu sua estratégia eleitoral e fará tudo para paralisar o governo, agindo principalmente no Congresso. Além de atrasar votações, mesmo as mais claramente de interesse popular, busca criar comissões de investigações que possam jogar lama no governo – como a CPI do INSS que, diga-se de passagem, deverá respingar, ou vir de enxurrada sobre outros governos. 

Não é uma tática nova. O PT, na oposição, lançou mão deste expediente várias vezes, desgastando sucessivos governos até chegar ao Poder. De tanto usar deve saber se defender dela. 
Mas e o povo, e o país? Como vão se defender. O governo não sangra. Quem sangra, sempre, é a população que, no meio do fogo cruzado, não tem como se defender da insanidade que é a luta pelo Poder. Sem contar que atrasar reformas, terá, inevitavelmente, reflexos para o próximo governo. 

Dever de representar a população

Estabelecer discussões, buscar aperfeiçoamento de propostas, propor mudanças de acordo com a linha de pensamento dos diferentes grupos políticos é mais do que um direito, é um dever do parlamentar eleito para representar segmentos da população. 
Obstruir, rejeitar, postergar decisões simplesmente para fazer o adversário sangrar, de olho na próxima disputa eleitoral é fazer a má política. É não pensar no povo que o elegeu. 

O mundo está em guerra e a população já corre muitos riscos com a externa, por isso dispensa a guerra interna. Mas não basta a oposição mudar de postura, deixar de lado a radicalização e passar a tratar os problemas nacionais com seriedade. É preciso que o presidente Lula e seu entorno mude também. 

O governo vem perdendo muito de sua força, sangrando, por suas brigas internas, pela omissão de Lula que não consegue conter as divergências internas – cada dia mais externadas – que passam ao país uma imagem de falta de liderança em seu grupo. 

Descer do palanque

Na prática, Lula precisa deixar de governar de cima do palanque
Que é candidato a um quarto mandato todos sabem. Que tem chances de vitória, todos sabem também, apesar da queda na popularidade. Mas se quiser mesmo a reeleição, precisa enfrentar a crise fora do palanque. 

Desça, governe, a começar por liderar efetivamente sua equipe. Fazendo isto estará, com certeza, em plena campanha, sem abrir flanco para os adversários. Governar, é o melhor discurso de campanha.

A sugestão acima vale também para muitos governadores, hoje armados sobre palanques. Desçam, governem. O mundo está em risco.