Hoje é 29 de julho, e não há nem sinal de que vamos conseguir superar efetivamente a crise não com o governo americano, mas com o cidadão Donald Trump, que, até aqui, tem agido não como presidente, mas como dono do mundo.

Trump, é preciso reconhecer, representa hoje um risco para o mundo por suas decisões insensatas e carregadas de sentimentos pessoais, sem razões de Estado. Mas que não se culpe apenas o presidente americano pela crise que ameaça o Brasil. Temos culpas, e muitas, por termos nos tornado um país dividido, radicalizado, com uma direita entreguista e uma esquerda apática, sem força para mudar o país e sobrevivendo apenas dos chamados “programas sociais” que insistem em criar a cada dia para obter apoio popular. É desse entreguismo crescente que, não se iludam, andam se aproveitando alguns setores da economia mundial.

A cada dia fica mais evidente que o tarifaço imposto ao Brasil por Donald Trump não se fundamenta apenas na paixão do americano por Jair Bolsonaro. O início da briga, que o infante Eduardo tenta alimentar, pode até ter sido uma forma de Trump defender o amigo e servil Bolsonaro, mas os sinais hoje mostram que há muitos interesses por trás de tudo isso. Interesses poderosos, que não se importam nem mesmo com o mercado interno americano – certamente atingido pelo tarifaço com o aumento de preços – para atingir seus objetivos.

São poucas as chances de conseguirmos, por agora, reverter a situação. Há poucas, mínimas mesmo, chances de a delegação brasileira que está nos Estados Unidos conseguir mudar a situação atual. A presença dos brasileiros desperta pouca atenção, até mesmo na imprensa americana, revelou-me um interlocutor amigo. O vice Geraldo Alckmin vai conseguir negociar diretamente com Trump. Enfim, a crise já está instalada. Que os oportunistas não se aproveitem dela para ganhos políticos e financeiros. O Brasil precisa agora de união de seus cidadãos verdadeiramente comprometidos com o futuro.

Não é hora de chantagens para ganhos políticos ou financeiros. Não podemos cair com a promessa de levantar depois. Sabemos bem o preço disso. Temos que nos manter em pé, respeitando nossa soberania. Nossas instituições. O país.

Que o país tenha a dignidade de não ceder a exigências absurdas.