Ainda temos pela frente pelo menos uma semana de bate-boca inútil envolvendo os Três Poderes. O tema radicalizado pelo Legislativo com claros objetivos políticos é o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que nas redes sociais da direita e dos oportunistas virou “imposto sobre o óleo e a farinha” com o objetivo de assustar os mais carentes, desgastando o governo. 

Na próxima terça-feira (15), Executivo e Legislativo, convocados pelo ministro Alexandre de Moraes, vão ter um encontro mediado pelo Judiciário para encontrar uma solução para o impasse. O Judiciário busca uma solução de consenso. Juridicamente, há razões para anular o decreto que aumentou o imposto e para anular a decisão tomada pelo Legislativo de invalidar o decreto.

Moraes optou por não adotar uma posição, preferindo o caminho do diálogo e abrindo espaços para que os dois Poderes reaprendam que, na democracia, as soluções devem vir do consenso formado por meio do diálogo. No horizonte não se enxerga esta disposição no Legislativo. Por lá, a disputa eleitoral de 2026 já começou – é preciso reconhecer que Lula também já está em cima do palanque –, e o que for possível fazer para destruir a imagem do governo, mesmo com alto custo para a população, será feito. 

A tendência, a curto prazo, é aumentar a radicalização até que se defina a situação do ex-presidente Bolsonaro, que deverá enfrentar um novo julgamento, com nova condenação prevista e que deverá confirmar sua inelegibilidade. Se isso acontecer, Bolsonaro, queiram ou não seus seguidores, perderá força política e aliados, esfriando os movimentos de anistia e candidaturas.

Nos últimos dias, a tendência de aumento da radicalização tem ficado bem evidente. O PT custou a encontrar uma forma de responder aos ataques que Lula e o partido vêm recebendo, mas agora está firme e forte nas redes sociais fazendo aquilo em que, há décadas, é especialista: destruir imagens de adversários. As baterias estão viradas contra o Congresso, tratado como “inimigo do povo”, e as pesquisas começam a mostrar que a estratégia dá resultados.

 Desmoralizar Congresso, Judiciário e Executivo, como estão tentando, pode até ser bom para algumas candidaturas, mas é muito ruim para a democracia. Temos experiência nisso.

A considerar as falas das lideranças do Congresso e do Executivo, o ambiente pode ficar um pouco mais descontraído esta semana, apesar da ação de alguns “radicaizinhos” que insistem em partir para agressões para se mostrar valentes aos seus eleitores. Na próxima semana, teremos a reunião mediada pelo Supremo e, depois, o início do recesso parlamentar, que vai até o final de julho. Política e futrica vão ficar mesmo nas redes sociais com a sustentação dos que já conhecemos.