Paulo César de Oliveira

É hora de uma reação

Um chamamento ao povo para impulsionar a saída da crise


Publicado em 30 de junho de 2020 | 03:00
 
 
 
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Não está na hora de nós, povo, reagirmos? Às vezes fico pensando, matutando, como o mineiro gosta de fazer, se conseguiríamos nos reunir, deixando de lado a alienação e o radicalismo, num mesmo dia, num mesmo horário para, a plenos pulmões, gritar um basta.

Um grito forte que seja ouvido pela direita, pela esquerda, pelos que se dizem “apolíticos”, pelos aproveitadores e pelos cegos e mudos por convivência. Um grito que mostre nosso inconformismo com o que andam fazendo com o Brasil. Mais, com o que farão do Brasil se continuarmos aceitando esta usina de crises criada no país, voltada à proteção de interesses pessoais e de grupos e que é usada como palanque para as eleições de 2022.

Seja você de qual tendência política for, o momento não nos permite o conformismo, a alienação. Nossos problemas são muito mais sérios do que querem nos fazer crer. Tentam vender a ideia de que, passada a pandemia, rapidamente retomaremos o caminho do crescimento, o que a simples análise dos números da economia nos últimos meses, retroagindo um pouco no tempo pré-pandemia, mostra não ser a verdade.

Desde antes, como admite o próprio ministro Paulo Guedes, já apresentávamos um crescimento econômico “anêmico”, incapaz de atender a nossa necessidade de desenvolvimento para atender demandas sociais contidas. Nosso desemprego já era elevadíssimo e apenas foi potencializado na crise. Nossa infraestrutura era e continuará sendo carente para atender as demandas futuras. Nossa saúde, mostrou a pandemia, é um fracasso. Temos uma legislação utópica e uma realidade cruel na saúde. Nossa educação é uma vergonha e vai sendo destruída pelo obscurantismo de uma disputa ideológica cuidadosamente engendrada para manter grupos em evidência.

E nós, calados, enquanto os que desejam apenas o poder atiçam grupos de inocentes úteis fanfarrões radicais, mantendo o país internamente em tensão e externamente derretendo sua credibilidade. É nesse clima de descrédito e desconfiança que nossos magos da economia pretendem ir a um mercado internacional, prenhe de oportunidades de investimentos, buscar parceiros e vender ativos para salvar as contas públicas. Olhem, mas olhem com os olhos da verdade o que temos a oferecer ao mercado. Vamos crescer um pouco nos próximos trimestres? Talvez sim, mas será um crescimento sobre uma base abaixo de zero. Na realidade, não vamos avançar. Todo esforço será para compensar parte do que perdemos. E não vamos crescer em todos os setores. Apenas em alguns mais ajustados. Não adianta mentir sobre o picadeiro em que transformaram o palanque político.

Estamos num beco sem saída. Basta de mentiras. De radicalismos. A hora é de trabalhar, aprendendo a conviver com as diferenças. Não é hora de mentir. O que se tem a oferecer ao povo neste momento de tentativa de reconstrução é apenas “sangue, suor e lágrimas”, como disse Churchill a povo inglês ao assumir como primeiro-ministro em plena Segunda Guerra. É o que temos também. O que nos falta é alguém do tamanho de Churchill para dizer isso ao nosso povo.

Importante que todos compreendam que o “basta” que a população precisa gritar não é apenas para o governo federal. É para todos os níveis de poder. É para ser ouvido por membros de todos os Poderes e finalmente é para ser ouvido por nós mesmos, cidadãos omissos ou irresponsáveis.

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