Existe limite para opinião? Uma pergunta polêmica para ser feita em um espaço opinativo como esta coluna. Mas vamos por partes. No jornal, temos as diversas editorias com matérias informativas e relatos dos fatos, sem opinião de quem os reporta. Já nas colunas, como esta, em tese, podemos expressar o que pensamos. Em tese por quê? Óbvio que não estou fazendo uma denúncia de censura. Só que a minha liberdade de expressão, assim como a de qualquer pessoa, é (e que ótimo que sim) limitada por algumas regras básicas, e a principal delas é: não posso cometer crimes por aqui. Logo, eu não posso usar este espaço para ofender, difamar ou qualquer coisa do tipo. Convivo muito bem e feliz com essa “proibição”.
Acho que essa regra básica de convivência facilita, e muito, as relações. No passado, antes de termos essa configuração social de hoje, alguém achou interessante criar umas “etiquetas” para uma vida harmônica.
Esses combinados foram o que nos permitiu evoluir para o ponto em que estamos. Caso contrário, talvez estivéssemos matando uns aos outros para ocupar cavernas mais próximas da água e de terras férteis. Parece exagero, mas não é. A proibição de tirar a vida do outro está na lei, na Bíblia, nos combinados entre amigos. Você realmente acha que, se não tivesse necessidade de reforçar essa regra, a teriam colocado em tantos lugares? Brincadeiras e exageros à parte, eu dei essa volta toda para mostrar que algumas imposições realmente precisam ser seguidas.
A proibição de assassinar qualquer pessoa, mesmo que ela te irrite muito, se enquadra nos outros crimes. É para seguir, e ponto. E aí você deve estar lendo isso aqui e pensando: “O que isso tem a ver com o limite para a opinião?”. E eu te respondo: tudo! Se é tão fácil entender que matar é proibido, e pronto, por que não é tão simples o mesmo raciocínio quanto a outros crimes? Sim, concordo que assassinato é pesado. Pesadíssimo! E, por isso, é crime. Da mesma forma que cometer racismo é pesado! Pesadíssimo! E, também por isso, é crime!
A diferença é que um já foi assimilado como errado socialmente, e o outro, não. Ou não para uma parte da população. Sabia que no Brasil Colônia a lei permitia ao marido matar a mulher se ela fosse descoberta em adultério? Depois de muita luta, nós, mulheres, conseguimos o direito de sermos mantidas vivas. O alto índice de feminicídio indica que nem todo mundo assimilou essa regra, e isso valeria outra coluna, porque é um assunto de importância enorme também. Só que eu preciso finalizar a tese que comecei lá em cima e seguir no foco da existência de um limite para a opinião.
Se você chegou até esta parte do texto, já deve ter notado que sou contra argumentos que ofendam o outro, e, nesse sentido, o discurso precisa ter um filtro. Não é um controle do que você pensa, e sim do que você diz e escreve. Em resumo, não dá para sair insultando todo mundo em redes sociais porque a ofensa é legalmente proibida, assim como racismo é crime. Foi para lembrar tudo isso que os jornalistas da Sempre Editora se uniram na campanha “Opinião Sim, Ofensa Não” nesta semana. E você? Pode levantar a mesma bandeira, basta querer.