RICARDO SAPIA

Porto Seguro sim, porto seguro não

De norte a sul deste país, há mulheres que precisam de proteção de verdade, contra os 'machões de mentira'


Publicado em 04 de janeiro de 2019 | 03:00
 
 
 
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Foi dada a largada para 2019, euforia no mercado financeiro, bolsa de valores batendo recorde de pontos, dólar caindo, discursos inflamados dos novos ministros. Na praia, com minha mulher, Angelina, e meus dois filhos mais novos, Mariana e Lucca, vejo Porto Seguro como um termômetro do que deve ser este ano.

Praias, hotéis, restaurantes e supermercados lotados, pessoas otimistas e conversas com turistas se resumem ao novo governo.

Muitos descansaram até o dia primeiro de janeiro e, ansiosos, voltaram para casa. O momento é de começar a trabalhar a partir de agora e não esperar o Carnaval passar para começar o ano.

A pergunta que fiz a todos foi: qual a diferença entre trabalhar a partir de agora com mais vontade e não ter feito isso no ano passado? A resposta: Agora não vai ter “roubalheira” no governo. Essa é a maior expectativa do brasileiro em relação a esse novo governo, independentemente de ter votado ou não em Bolsonaro.

Assistindo à posse do novo ministro da Justiça e Segurança Pública do Brasil, Sérgio Moro, atentamente ouvi o ex-juiz federal dizer que o Brasil não vai mais ser um porto seguro para criminosos. “Não deve haver portos seguros para criminosos e para o produto de seus crimes. O Brasil não será um porto seguro para criminosos e jamais, novamente, negará cooperação a quem solicitar por motivos político-partidários”, disse Moro. Também ouvi ele dizer que pretende endurecer as leis, com o apoio dos congressistas, para combater a corrupção.

Moro quer também melhorar o sistema carcerário e combater as “facções criminosas”.

Não ouvi em nenhum momento ele falar sobre um crime que ninguém suporta mais e que cresce absurdamente no país: a violência contra a mulher. Enquanto escrevia esta coluna, ouvia a TV, que estava ligada em um canal de notícias, e as principais manchetes foram assassinatos e agressões. De norte a sul desse país, há mulheres que precisam de proteção de verdade, contra os “machões de mentira”.

Poderia o ministro começar criando um cadastro único desses criminosos – que têm contra eles a tal medida protetiva de manter uma distância das mulheres ameaçadas e ou agredidas – e autorizar os delegados a concederem as medidas e não ter que aguardar a boa-vontade da Justiça, que, pela demora, pode chegar tarde demais, como muitas vezes chega.

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