Já perceberam como a palavra honestidade está ligada às eleições? E, como, lamentavelmente, quase sempre, a falta dela é o tema dos principais escândalos que vemos por aí?
Ao contrário do que muitos possam pensar, a honestidade não é obrigação apenas dos que se candidatam. Cabe a todos usarmos da verdade para tornar a sociedade mais justa, igualitária e, por que não, acessível?
Falando em honestidade (e política), quem acompanha o cenário eleitoral nacional deve ter lido a triste notícia sobre um intérprete de Libras do Espírito Santo que, segundo a Associação dos Surdos de Vitória, usou, durante a propaganda eleitoral do partido pelo qual foi contratado, sinais que não significam nada, ou seja, que foram inventados.
Já falei diversas vezes sobre a importância da Língua de Sinais, da diferença entre línguas orais e gestovisuais, sobre a Libras ter uma gramática própria e, especialmente, sobre o papel do intérprete na mediação entre os surdos e ouvintes, mas, este caso é uma ótima oportunidade para que todos entendam a importância de uma boa formação nesta profissão, para que outras pessoas não façam o mesmo que o rapaz e assumam um posto para o qual não estão habilitadas.
Conseguem perceber como, neste caso, a desonestidade causou a falta de inclusão e, consequentemente, prejudicou os dois lados da história?
Como militante das causas das pessoas com deficiência, luto para que a inclusão aconteça em todos os ambientes, mas, como ouvinte, se estivesse no lugar do candidato, ficaria bastante irritada em ser interpretada de forma errada.
Por outro lado, não deveria ser necessário que apenas um fato isolado como este chamasse a atenção para a importância da acessibilidade com qualidade. Mas, ao mesmo tempo, tenho a impressão que apenas quando um problema atinge todos os envolvidos é possível que mais pessoas se envolvam e, dessa forma, cobrem providencias.
Está de parabéns a associação que fez valer os direitos dos surdos e cobrou a correção e o respeito merecidos. A nós resta o aprendizado: ser honesto sempre, e principalmente no meio político.
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