João Avelino ficou conhecido por 71. Ele estudava no Senai, e seu número de inscrição passou a ser o seu apelido na vida e no futebol. Era inteligente, observador, apesar de pouco letrado. Primeiro trabalhou como auxiliar e depois como treinador. Foi um dos mais rodados do futebol brasileiro, era ídolo em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, quando subiu com o América local para a primeira divisão do Paulista. Treinou também o Rio Preto. Dava oportunidade aos mais jovens e era rígido quando comandava os treinamentos, mas sabia brincar no momento de maior tensão. Tranquilizava o grupo. Em Minas Gerais, 71 trabalhou no América, no Atlético, no Cruzeiro e no Uberaba.

No Atlético, foi auxiliar de Rubens Minelli. Supersticioso, não deixava os goleiros comerem frango no almoço nem no jantar em dias de jogos, nem passar em roleta. Em sua apresentação no Uberaba, deparou com o jogador Augusto vestido de macacão, diferente da vestimenta dos demais jogadores. O técnico 71 então perguntou o porquê. Augusto respondeu que era para eliminar peso. E 71 o mandou logo ir se trocar e disse: “Se macacão fizesse perder peso, todo mecânico era magrinho.” Treinamento com 71 era exaustivo, também para evitar que os jogadores fossem de noite para a zona boêmia. João Avelino gostava de provocar o atleta sob o seu comando, e muitas vezes isso dava resultado. No Paysandu, no intervalo do jogo contra a Tuna Luso, chamou a atenção de Jair Bala: “Contra mim, joga como um leão. Comigo, como um anão.” Ivair era considerado o príncipe na Portuguesa, e Avelino falou: “Se continuar chutando assim, vai matar o goleiro, de raiva. Vai cabecear mal assim lá na casa da mãe Joana.”

No Taquaritinga, mandou colocar uma imagem de Nossa Senhora Aparecida no vestiário, porém, quando os jogadores iam se trocar, ele virava a santa para ela “não ver jogador pelado”...

Vicente Lage, outro treinador de sucesso no futebol mineiro, ficou conhecido como 109. No juvenil do Valério, num amistoso contra a Seleção de Caxambu, a equipe adversária tinha um jogador com esse apelido e que se parecia muito com o então jovem atleta do time de Itabira. A rapaziada não perdoou e passou a chamar o colega de 109. Assim Vicente Lage passou a ser conhecido pelo apelido numérico. Trabalhou como treinador e como supervisor no América, passou por Atlético e Cruzeiro. Treinou também Democrata de Sete Lagoas e Uberlândia. Teve muitas alegrias no futebol. No Atlético, conquistou o Torneio de Amsterdã, na Holanda, contra o Ajax, que tinha como treinador Johan Cruiyff, em agosto de 1984. O Galo tinha na presidência Elias Kalil. Feyenoord e a seleção da Romênia também participaram do torneio. Reinaldo, Edvaldo e Everton fizeram os gols do Atlético na competição. Outra grande conquista foi com o Uberlândia, a maior do clube: a Taça CBF, em 1984. Ganhou o título em cima do Remo.