A verdadeira história ainda não foi escrita e talvez nunca o será.

Entre tantas razões se ergue a segurança dos próprios executores da execução e dos respectivos familiares. Mais que glória, o abate de Osama Bin Laden representa a certeza de vingança por parte de uma das tantas facções islâmico-fundamentalistas que respondia à orientação de seu líder e herói.

Apagar os vestígios da operação será a primeira providência da CIA, ainda despejando o longevo fenômeno de clandestinidade encarnado por Bin Laden nas profundezas do Oceano Índico.

Põe-se um fim à dúvida que cercava e contaminava a tecnologia militar norte-americana. Deve se concordar que uma viagem espacial até a Lua convivendo aqui na Terra com o maior terrorista de todos os tempos, amoitado aos pés do Himalaia, gerava a maior desconfiança sobre a eficiência dos "imbatíveis" norte-americanos.

Para que satélites, sistemas capazes de devassar as comunicações em qualquer quadrante do globo, equipamentos para enxergar na escuridão e atrás de paredes, armas de precisão cirúrgica, meios voadores não-tripulados, computadores suficientes para destrinchar monumentais bancos de dados em poucos segundos?

Quem pagava as contas da desconfiança era o made in USA, seu produto e o próprio ego da nação "dominadora".

Como era de se esperar, a façanha da "inteligence" norte-americana, submetida ao mando da Casa Branca, refletiu numa valorização geral do país. Até chicletes americanos passaram a ter gosto mais intenso pelo mundo afora e Coca-Cola serviu para brindar ao sucesso, alavancando a euforia vivida após uma vitória.

Desabrocha o desejo de reconstrução (pelo menos conceitual), de recuperação do tempo perdido, entre fracassos, nas cavernas de Bin Laden. Não será surpresa se da morte do líder da facção mais fundamentalista do Islam surgir de imediato um movimento de valorização da moeda, do produto, das ações negociadas em Nova York.

Mas seria delirante imaginar uma volta à normalidade e àquilo que já foi, pois o legado de Bin Laden ficou, se manifestará contra o americanismo em geral e condenará os cidadãos dos EUA a permanecerem trancados em suas fronteiras.

Aviões e navios marcados de muitas estrelinhas em fundo azul deverão redobrar uma vigilância onerosa e desgastante. Nisso o líder islâmico nunca será derrotado. Esse objetivo já foi atingido e persistirá até quando o fundamentalismo existir.