Sirenes soaram, na noite da última sexta-feira, em Barão de Cocais, na região Central do Estado, advertindo os moradores sobre a iminência do rompimento de uma barragem da mina de Gongo Soco, da Vale, que passou do nível 2 para o nível 3, o mais elevado.
O fato gerou tensão, embora mais de 400 pessoas já tivessem sido retiradas, em fevereiro, da zona de autossalvamento, que seria atingida pela lama em menos de 30 minutos. Agora, poderão ser afetados o centro e três bairros de Barão de Cocais.
Não houve pânico, e ontem os moradores da cidade levavam a vida como em todos os dias. Pânico houve em São Gonçalo do Rio Abaixo, na mesma região, onde uma sirene tocou inadvertidamente, provocando tumulto, porque ali a Vale tem a grande mina de Brucutu.
Aos poucos, a insegurança vai se instalando no meio dos cidadãos de todos os lugares onde há barragens de rejeitos de minério. Os responsáveis por essas instalações, sejam as mineradoras, suas auditorias ou os governos, não transmitem tranquilidade. Ao contrário, demonstram insegurança. Há poucos dias, numa audiência de conciliação com representantes dos atingidos pelo rompimento da barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho, alguém da Vale disse: “Como vamos dar conta de tudo isso?”.
De fato, trata-se de um problema gigantesco – que deveria ter sido imaginado, se a sociologia tivesse sido requisitada antes de os empreendedores decidirem por esse tipo de atividade. Como não houve essa preocupação, esta agora se impõe. Não há garantia de segurança. Agora, o alerta é de uma consultoria. O tenente-coronel Flávio Godinho, da Defesa Civil, resume a situação: “O risco de rompimento é real. A barragem pode se romper a qualquer momento, agora ou amanhã, ou nem se romper”. Os prejuízos privados e sociais são impagáveis. Vejam-se os mortos e desaparecidos em Brumadinho. A desordem vai se refletir, inexoravelmente, na depressão da economia. Afinal, foi o modelo de produção de riquezas que parte da sociedade escolheu.