Em 1970, Vinicius de Moraes (1913-1980) concebeu sua única obra poética voltada para o público infantil, batizada como "A Arca de Noé". Dez anos depois, artistas como Toquinho e Tom Jobim resolveram homenagear o falecido amigo e musicaram seus poemas. O resultado foram dois álbuns homônimos que reuniram canções antológicas como "O Pato", "Menininha" e "A Pulga".
Agora, é a vez dos pequenos de hoje, que mal tiveram a chance de conhecer tais preciosidades, realizarem um mergulho cênico no universo poético do artista, através do espetáculo "A Arca de Vinícius", que estréia no próximo domingo (31), em apresentação única no Grande Teatro do Palácio das Artes.
Fruto de uma pesquisa musical da Cyntilante Produções, a peça narra a história de Vinícius, um garoto que deseja um mundo melhor. Ele recebe uma carta anônima que solicita a sua presença em uma "Escola", local onde conseguirá realizar seu pedido. Vinícius é levado pela curiosidade e, no percurso, encontra animais como a Coruja, o Leão, o Pingüim, a Foca, o Gato, a Pulga e tantos outros que o ajudam a realizar seu intuito. Além de homenagear os 50 anos da Bossa Nova, a montagem brinca com algumas referências ao poeta Vinicius de Moraes, ainda que não se trate de um resgate biográfico.
"O que mais me interessou no material foi a possibilidade de revitalizar esse acervo. O conhecido hoje são apenas as mÚsicas mais famosas, mas existem várias outras tão bonitas quanto e que ficaram meio perdidas no tempo", ressalta o diretor Fernando Bustamante.
Dois planos
Para trabalhar a encenação, Bustamante criou dois planos cênicos: o terrestre, onde Vinícius conversa com os bichos, e o celeste, onde fica o personagem são Francisco, espécie de mentor da história. Em cada plano, determinado cenograficamente por andaimes, um instrumento musical simboliza aquele universo. Violoncelo e teclados caracterizam o céu, através da referência erudita; já o violão traduz a música popular, terrena por natureza.
"Na verdade, os bichos amigos de Vinícius são anjos disfarçados que descem à Terra para ensinar lições simples de como melhorar o mundo. E quais seriam elas? A boa educação, a poesia, uma boa gargalhada, a literatura e a música lições que o próprio Vinicius de Moraes nos deu", explica o diretor.
Uma brincadeira com objetos e formas animadas caracteriza os bichos em cena. A coruja, por exemplo, é feita com duas tampas de panela e um tapeware em forma de pizza, manipulados pelo próprio ator que representa aquele personagem. "É como se todos os dias ele escolhesse num baú de bugigangas um objeto para traduzir aquele bicho. As crianças adoram", diz.
A referência à Arca de Noé bíblica, já presente no próprio texto original de Vinicius de Moraes, é retomada no espetáculo, através da dramaturgia de Léo Mendonza. O grande diferencial, em ambas as obras, se refere aos bichos escolhidos.
Ao contrário dos tradicionais exemplares do mundo animal, na peça, tem-se a referência de pulgas, corujas, animais que fogem da obviedade. "Durante todo o espetáculo, está chovendo. E um dos objetivos de Vinícius é, justamente, salvar os livros do dilúvio de Noé para melhorar o mundo", adianta.
A Arca de Vinícius
Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, centro, 3236-7400). Dia 31 (domingo), às 17h. R$ 24 (até dia 30) e R$ 30 (dia 31).
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