A Multiplan, uma das maiores operadoras de shoppings do país, está de olho em uma estratégia já usada por outras gigantes: vender parte de seus ativos para reforçar o caixa. Com mais de R$ 4 bilhões em dívida líquida, a empresa quer evitar que o crescimento venha acompanhado de um endividamento fora de controle.

E essa não é uma ideia no papel, já está em prática. Em 2024, a Multiplan vendeu 25% do JundiaíShopping para a XP Malls por mais de R$ 250 milhões. O dinheiro? Foi direto para reduzir o nível de alavancagem e amortecer a queima de caixa com recompra ações. Agora, a empresa avalia repetir a dose com outros empreendimentos do portfólio.

Multiplan

A Multiplan possui um portfólio de 20 shopping centers, localizados em diferentes estados e com uma área bruta locável (ABL) total de 873.778m², de acordo com os dados fornecidos em seu site. Para 2025, 5 expansões foram anunciadas e 2 já chegaram a ser lançadas.

A empresa aposta em uma estratégia de "full-service", ou seja, planeja, desenvolve e administra seus próprios projetos de shoppings.

Se vender um pedaço do shopping pode salvar o caixa, por que não?

O CFO da empresa, Armando d’Almeida Neto, em entrevista à Bloomberg Línea, explicou que o momento exige atenção: os investimentos em reformas e modernizações como os realizados no ParkShoppingBarigüi (Curitiba) e no DiamondMall (Belo Horizonte) aumentaram os gastos da companhia nos últimos meses. Mesmo com bons resultados operacionais, o nível de alavancagem (relação entre dívida e geração de caixa) está alto.

Atualmente, esse índice está em 2,28 vezes, um pouco abaixo do registrado no fim de 2023, mas ainda acima do ideal para o setor. A meta, agora, é seguir reduzindo esse número sem frear totalmente os planos de expansão.

Quando questionado se a venda de participações acionárias de seu portfólio pode ser um caminho para levantar recursos e reduzir o nível de alavancagem, Armando d’Almeida Neto responde: “Tudo está na mesa”.

Isso é um sinal de que os shoppings estão indo mal?

Não! Pode ficar tranquilo.

Segundo a empresa, as vendas de abril cresceram em dois dígitos na comparação com o mesmo mês do ano passado. A taxa de ocupação dos shoppings também continua elevada, o que gera mais receita com aluguel, estacionamento e serviços extras. A inadimplência caiu e os contratos estão sendo atualizados com base na inflação (o que garante um fôlego extra no caixa). O foco, agora, é investir menos do que em 2024 e usar os recursos disponíveis com mais estratégia.

O que o investidor deve observar?

Se você investe em ações da Multiplan (MULT3) ou está de olho no setor de shoppings, vale acompanhar esse movimento. Empresas com foco em crescimento precisam equilibrar expansão e saúde financeira. Vender uma parte dos ativos pode ser uma forma inteligente de manter o ritmo sem pressionar a dívida.

A dúvida é: o mercado vai gostar dessa decisão ou vai ficar com um pé atrás? Para saber as cenas dos próximos capítulos, acompanhe com a gente!