Por Rodrigo Campelo e Isadora Silva

O mercado de carros antigos tem ganhado força no Brasil, movimentando milhões de reais e impulsionando o turismo em cidades de diferentes regiões. Encontros, feiras, leilões e empresas especializadas em compra, venda e restauração atraem colecionadores, curiosos e investidores, fortalecendo a economia local e preservando a memória automotiva.

De Araxá (MG) a Bento Gonçalves (RS), passando por Lindóia (SP) e pequenas cidades do interior nordestino, eventos de carros antigos se consolidam como importantes geradores de renda e fluxo turístico. Durante esses encontros, hotéis e restaurantes operam com alta demanda, oficinas de restauração trabalham em ritmo acelerado e lojas de autopeças registram aumento nas vendas. A cadeia produtiva associada a um único evento pode movimentar milhões de reais em poucos dias.

Modelos como Fusca, Kombi e Chevrolet C10 continuam entre os mais procurados. O Fusca, considerado porta de entrada para colecionadores iniciantes, é valorizado por sua manutenção acessível. A Kombi, símbolo da contracultura, ganhou versões adaptadas como motorhome, enquanto a C10 mantém apelo tanto no meio rural quanto urbano, alcançando altos valores quando restaurada.

Neste fim de semana, acontecerá o BH Classic Auto Fest 2025, um encontro de carros antigos, no Parque Municipal de Belo Horizonte, nos dias 15, 16 e 17 de agosto. A cidade também abriga o primeiro espaço dedicado exclusivamente a veículos clássicos, onde é possível lavar, polir e realizar manutenções completas mediante pagamento, reunindo apaixonados pelo segmento.

Por todos os cantos 

Em Minas Gerais, Bichinho, distrito de Prados, mantém um museu dedicado a relíquias automotivas, enquanto Araxá e Tiradentes também se destacam pela programação anual de eventos. Na rodovia Fernão Dias, na altura do km 61, no sentido interior, encontra-se uma construção inacabada, com formato circular, que lembra o Coliseu de Roma (Itália). Ali está localizado o Coliseu do Carro Antigo, com acervo permanente de dezenas de modelos raros. A maior parte é composta de carros americanos, como: Mercedes-Benz Classe S anos 50, International Metro Van  e Fiat 147.

Empresas especializadas: onde passado e negócio se encontram

O crescimento do setor também impulsionou o surgimento de empresas especializadas. Em Minas Gerais, o Armazém do Vovô tornou-se referência nacional, enquanto em Itabirito (MG) um colecionador local atrai turistas e investidores com seu acervo diversificado. No interior paulista, uma loja voltada exclusivamente a modelos Opala atende compradores de todo o país. Outro destaque é o Coliseu de Mairiporã (SP), espaço que reúne dezenas de veículos em exposição permanente e fomenta o comércio local.

Em 2025, a Ferrari 250 GTO 1962 foi o carro antigo mais caro vendido no mundo, alcançando US$ 78 milhões (cerca de R$ 400 milhões) em leilão realizado em Mônaco. Apenas 36 unidades foram produzidas, e o histórico de competições contribuiu para o valor recorde.

Leilões: o coração do investimento

Leilões presenciais e online, promovidos por casas como RM Sotheby’s, Bonhams e Mecum Auctions Brasil, também têm se destacado como pontos de encontro para entusiastas e investidores. A valorização de veículos clássicos pode superar a de ativos financeiros tradicionais, tornando-se alternativa de investimento.

As redes sociais e plataformas de venda online têm ampliado o alcance do segmento. Jovens colecionadores redescobrem modelos das décadas de 1980 e 1990, enquanto oficinas se adaptam para oferecer restaurações que conciliam originalidade e tecnologia. Sites como Webmotors Clássicos e OLX Autos Premium aumentam a segurança e profissionalizam as negociações.

Para cidades como Lindóia (SP), sede do Encontro Paulista de Autos Antigos, que atrai mais de 500 mil visitantes por edição, o mercado de carros antigos representa não apenas a preservação de um patrimônio cultural, mas também uma fonte relevante de renda e desenvolvimento regional. E, com a valorização crescente de clássicos nacionais e internacionais, o setor ainda tem espaço para expandir tornando os próximos anos promissores para quem enxerga nos carros antigos não apenas nostalgia, mas também oportunidade de negócio e investimento.