Por Isadora Silva

Os espaços de compras em todo o Brasil vêm consolidando uma função que ultrapassa o consumo tradicional. De acordo com o estudo Shopping Multigeracional, realizado pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) em parceria com o Grupo Consumoteca, os shoppings estão se consolidando como espaços de convivência, lazer e acolhimento para públicos de todas as faixas etárias. A pesquisa, divulgada em julho de 2025, investigou os hábitos e percepções de diferentes gerações em relação aos shoppings, considerando aspectos funcionais e afetivos.

O levantamento analisou o comportamento de cinco grupos geracionais, Baby Boomers (60 a 80 anos), Geração X (45 a 59 anos), Millennials (30 a 44 anos), Geração Z (15 a 29 anos) e Geração Alpha (até 14 anos), em diversas regiões do país. A conclusão central é que, em um contexto urbano marcado pela aceleração e individualismo, os shopping centers se tornam uma espécie de “terceiro lugar”: um espaço intermediário entre o trabalho e a residência, capaz de oferecer conveniência, segurança e oportunidades de socialização.

Um espaço de valorização do convívio 

Entre os pontos destacados pela pesquisa está o papel democrático da praça de alimentação, reconhecida como um dos ambientes mais valorizados por todas as faixas etárias. O cinema também figura entre os espaços mais frequentados, especialmente entre os mais jovens. Operações gastronômicas simples, como sorveterias e milkshakerias, seguem exercendo apelo emocional e afetivo, sobretudo junto às gerações mais novas.

Além disso, as datas comemorativas continuam relevantes como indutoras de tráfego nos shoppings, com destaque para o Natal, Dia das Crianças e Black Friday. No Norte e Nordeste, o período junino mantém forte apelo cultural e mobiliza os centros de compras com eventos, decoração temática e comidas típicas.

Relevância mantida na era digital

Mesmo diante da expansão do comércio eletrônico, os shopping centers continuam sendo reconhecidos por atributos que vão além da experiência de compra. Para os Baby Boomers, o shopping representa segurança e sociabilidade, aspectos particularmente importantes para aqueles que vivem sozinhos. A Geração X valoriza a concentração de serviços e conveniências no mesmo ambiente. Já os Millennials buscam conciliar múltiplas atividades no espaço físico, como trabalho remoto, alimentação, lazer e cuidados pessoais.

A Geração Z, por sua vez, adota uma postura híbrida, mesclando o consumo físico e digital com naturalidade, enquanto a Geração Alpha encara o shopping como um espaço de entretenimento e descoberta, apoiado por seus responsáveis, que prezam por conforto térmico e segurança.

Dados citados no estudo mostram que 43% dos brasileiros afirmam viver em ritmo acelerado, e 56% preferem resolver suas questões de forma independente. Nesse contexto, os shoppings vêm se posicionando como ambientes de pausa, contemplação e vínculos sociais, características cada vez mais valorizadas diante do cotidiano fragmentado das grandes cidades.

“O shopping brasileiro evoluiu muito além do varejo. Hoje, ele é oásis urbano diante da crise climática, ponto de encontro contra a solidão e espaço multifuncional para resolver tarefas e viver momentos de lazer ”, afirma Glauco Humai, presidente da Abrasce.

Mais do que locais de compra, os shoppings se afirmam como espaços de acolhimento multigeracional  onde convivem avós e netos, jovens profissionais e famílias. Em tempos de mudanças comportamentais e tecnológicas, a permanência e adaptação dos shopping centers reforçam sua importância como equipamentos urbanos relevantes para a qualidade de vida nas cidades brasileiras.