O PL, partido do deputado estadual Bruno Engler, derrotado por Fuad Noman (PSD) na disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte, vai entrar na disputa por cargos na Mesa Diretora da Câmara dos Vereadores e também nas comissões da Casa, que são as instâncias pelas quais passam projetos de lei antes de chegarem à votação no Plenário.

Vereadores eleitos pelo partido classificam a participação da legenda na Mesa Diretora e nas comissões como natural, pelo número de vereadores eleitos. O PL ganhou 6 das 41 cadeiras da Casa nas eleições de outubro, e será a maior bancada do Poder Legislativo, se considerados os partidos isoladamente.

"A eleição para a Mesa Diretora tem que corresponder com a maior bancada da Casa. Vamos pleitear alguma cadeira que corresponda a essa importância", afirmou o vereador eleito pelo PL Uner Augusto. O cargo de presidente, porém, ao menos até agora, não está nos planos do partido, que já anunciou apoio à candidatura do vereador Juliano Lopes (Podemos) ao cargo.

Os outros cargos na Mesa são a primeira e a segunda vice-presidências e secretárias. Em relação às comissões, o vereador cita como estratégica a de Legislação e Justiça (CLJ). O partido, porém, não quer assento apenas nesta. "Queremos estar presentes nas comissões pelas quais serão debatidos os principais assuntos da cidade", disse Uner.

Conforme o regimento da Câmara, a CLJ, que tem cinco integrantes, pode paralisar a tramitação de um projeto na Casa caso três de seus membros votem pela inconstitucionalidade de um texto. Ainda conforme o regimento, a volta desse projeto à pauta depende exclusivamente de decisão do presidente da Casa.

Outro vereador eleito pelo PL, Pablo Almeida, que teve o apoio do deputado federal Nikolas Ferreira na disputa por vaga na Câmara, afirma que as negociações em torno da ocupação de cargos na Casa para a próxima legislatura ainda está em andamento. Sobre a possibilidade de fazer oposição a Fuad, o parlamentar eleito diz que o comportamento da bancada será independente.

"Vamos nos pautar pelos nossos princípios e valores que a população já conhece, e pelo bem da nossa cidade. O PL é uma bancada independente, com bandeiras muito claras e que acima de tudo preza pelo bem da cidade", disse o vereador eleito, em nota.

Luz amarela

A disputa pela Presidência da Câmara, o principal cargo da Mesa Diretora, acendeu a luz amarela na prefeitura um dia após a vitória de Fuad no segundo turno, ocorrido no dia 27 de outubro. Na segunda, vereadores eleitos e reeleitos publicaram fotos de um encontro que lançava o vereador Juliano Lopes, um dos parlamentares reeleitos, para a Presidência da Casa.

O encontro foi organizado pelo grupo de parlamentares conhecido como Família Aro, que atua sob influência do secretário de Estado da Casa Civil, Marcelo Aro. O secretário já indicou nomes para cargos na prefeitura, mas todos foram exonerados após o fim da aliança. A expectativa da prefeitura era que as conversas sobre a eleição para o comando da Casa ocorressem mais tarde. 

A antecipação das negociações fez com que o prefeito passasse a organizar uma reação, o que incluiu articulações para tentar evitar a presença de integrantes do PL na Mesa Diretora, conforme matéria publicada por O Tempo nessa quarta-feira (6 de novembro)

Fuad, porém, assegurou nessa terça-feira (6 de novembro) que não vai interferir na eleição. "A prefeitura não vai colocar a digital na eleição da Câmara", disse. A reação do prefeito, conforme vereadores, ocorreu por temor de travar e perder um possível embate na Câmara em torno do comando da Casa. Pelo lado do Executivo, o candidato seria o líder do governo, Bruno Miranda (PDT). 

A reportagem tentou entrevistar o candidato colocado na disputa, Juliano Lopes, nesta quarta, no Plenário da Câmara. Quando se aproximou, porém, o vereador, demonstrando nervosismo, disse que não daria entrevista para ninguém, e que, qualquer coisa que fosse publicada, seria mentira.

"Prioridade sãos os projetos", diz líder de Fuad

O líder do governo na Câmara dos Vereadores, Bruno Miranda (PDT), afirmou nesta quarta-feira (6 de outubro), que a prioridade no momento é a aprovação de projetos. Conforme o parlamentar, há tempo para as discussões sobre candidaturas ao comando da Casa.

"A eleição da mesa é dia primeiro de janeiro. Temos aqui vários projetos importantes. Nosso foco hoje são os projetos. Precisamos avançar nisso e, no momento oportuno vamos nos posicionar. É legítimo que qualquer um seja candidato a presidente da Câmara, eu e qualquer outro", disse, confirmando a possibilidade de também se lançar na disputa.

O parlamentar, que foi reeleito, destacou, porém, características que acredita serem importantes para os possíveis candidatos. "Qualquer um que tenha certa experiência e que conheça o regimento tem condição para isso", pontuou.